terça-feira, 29 de maio de 2018

Capítulo 2


Acordei com o despertador do celular tocando. 7h30. Minha aula começa as 8:10. Levantei, tomei banho, me arrumei rapidamente e quando deu 8:00 eu saí de casa. A porta do Mr. Educado estava fechada.

Caminhei até a faculdade e quando cheguei, fui procurar a minha sala. O campus é ENORME! E me perdi, pra variar. Encontrei um grupo de dois estudantes e pedi informação. Eles estavam indo para o mesmo local que eu, e eram da minha sala. Agora estava perdida em grupo. Pedimos informação a um funcionário e ele nos levou até a sala, ja eram 8:15.

- vocês são daqui mesmo? - perguntou ele enquanto caminhavamos até o bloco E.
Cada um falou de onde era, até que chegou a minha vez
- sou de Salvador, Bahia - todos me olharam com cara de espanto
- Caraca!! - disse o funcionário - que show!
- Nossa, porque tao longe? - perguntou um colega
- a concorrencia aqui foi menor - brinquei - sempre tive vontade de estudar fora, daí me inscrevi pra cá
- Salvador é show de bola - disse um outro colega
- aham - concordei. Chegamos na sala e nos espalhamos para sentar nas poucas cadeiras vazias que havia.
A primeira manhã de aula foi bem introdutória. A aula foi de desenho técnico para engenharia e o coordenador do curso estava lá pra fazer apresentacoes sobre o curso. A tarde será de palestras introdutórias as organizações estudantis e da faculdade.
Saí da faculdade e fui fazer uma comprinhas com uma parte do dinheiro da indenização. Consumida pela euforia, acabei renovando minha gaveta de lingeries, me dando de presente alguns conjuntos de renda bem sexies da La Perla,para uma emergência. Vai saber? Não que eu esteja planejando algo... Ou talvez esteja, sei la! Pelo menos foi o que fiquei repetindo para mim ao pagar as calcinhas e sutiãs novos.
Cheguei em casa. Eram 12:30. Interfonei, o Rafael atendeu e abriu o portão assim que me identifiquei, como de costume, ja deixou a porta aberta. Entrei e Fechei. A porta do seu quarto estava aberta.
Tirei minha chave do quarto de dentro do bolso e abri a porta.
-  você tem aula agora a tarde? - perguntou chegando na porta do seu quarto. - consumista? - falou ao me ver cheia de sacolas
Foi só olhar para ele que esqueci o que pretendia dizer. Rafael parecia um deus grego. Como eu não notei isso da primeira vez? Talvez fosse a roupa...
De calça jeans desbotada e rasgada na coxa, sapatos marrons e a camisa de malha desmarcando seus músculos peitorais - JesusQue tórax é esse? – ele estava de parar o trânsito. Me senti obrigada a admitir que o cara era uma coisa e tem um corpo muito apetitoso.
Não sei porque, mas nessa hora meu cérebro resolveu lembrar das lingeries novas de La Perla, que belo senso de oportunidade!
– é - concordei com ele -  não resisti à tentação.
EPA! Frase ambígua.
Merda, merda, merda!!
O sorrisinho safado que ele esboçou era a prova de que tinha notado o duplo sentido.
- Tenho aula sim, por quê? - completei.
- como vamos fazer com a chave? Eu ja to indo. - falou colocando as maos no bolso da frente da calça. Quanto charme em uma pessoa só..
- não faço a mínima ideia - coloquei a minha mochila em cima da cama que fica ao lado da porta, entrei e deixei a porta aberta. Fui até o guarda- roupa e peguei um prendedor de cabelos. Prendi o mesmo de costas pra porta. Virei e o Rafael me encarava na mesma posição. - tem algum chaveiro por aqui por perto?
- acho que tem um duas ruas abaixo
- onde? - fiz cara de confusa
- posso entrar? - falou se referindo ao quarto. Que educadinho, até parece
- sim... - ele entrou e foi em direção a janela
- ta vendo aquela rua ali? - apontou e eu também cheguei na janela
- qual? - perguntei
- aquela dali, segue a direção do meu dedo - falou se aproximando por trás de mim - por onde vai passar aquele caminhão
- pqp. Longe demais. - falei - tenho aula, não vai da tempo de ir la e provavelmente , quando eu sair já estará fechado...
- que horas você vai sair da aula? - perguntou saindo do quarto sem olhar pra mim
- ta previsto pra 17h
- então faz assim, quando sair, você tranca e deixa embaixo do tapete la de fora
- OK
- flw - entrou no quarto dele e fechou a porta. Fiz o mesmo.
Tomei um banho rápido, comi um sanduíche que minha mãe havia preparado para viagem e esperei dá o horário. Ouvi barulho de porta abrir e em seguida fechar. Rafael deve ter saído. Não demorou muito, olhei pra janela e vi ele e o Gustavo indo pra faculdade.
Liguei pra minha mãe mas ela não podia atender, depois liguei pro meu melhor amigo, Daniel.
- oi Dudete! - disse animado - como estão as coisas ai? Ja se deu de bem com seu colega que não ta nem aí pra você? - riu
- eu que não to nem aí pra aquele depravado gostoso - rimos - só fala merda quando ta com os amigos, AF
- permita conversar com ele de boa. Eu imagino você falando com ele na maior grosseira ou com palavras curtas - disse Daniel. Posso ser chamada de tudo, menos de dramática.
Quem não me conhece direito costuma dizer que sou fria. Mas não se trata disso. Eu gosto de guardar meus sentimentos
comigo mesma para que não ganhem dimensões avantajadas.
Por isso, também sou conhecida como uma pessoa prática, racional e um tanto realista — embora goste de pensar que estou
mais para otimista. Enquanto minhas amigas se descabelam por qualquer bobagem, eu apenas abano as mãos e digo que tudo vai se resolver. Devo esse meu jeito aos meus amigos de infância. De tanto ser o saco de pancadas deles, aprendi a me virar bem.

- ele disse ontem que não foi com a minha cara, você acredita?
- sim, eu também não fui com a sua quando te conheci - riu
- ah, vai se ferrar. eu sou um amorzao. Ele que é chato, mo cara de mimadinho
- O cara mora só, longe da Família a anos, como pode ser mimado meu Deus? seja menas, miga.. Tem aula hoje ainda?
- sim, e ja estou indo.
- ah sim. Beijo! Depois vê se manda uma foto do playboy- gostosão para que eu mesmo possa avaliar a situação
- Nem morta! - desligamos e eu fui pra palestra.
Cheguei no auditorio e sentei no fundo, próximo a porta e ao lado de uma colega de turma, Geórgia. Ela é do interior de Minas e está morando em Uberlândia também. Ficamos perdida pela manhã, depois da aula de hoje, trocamos números de WhatsApp.
Começou as apresentações das associações da universidade e para a minha infelicidade, vejo meu coleguinha entrar no auditório e passar por mim sem nem da um oi.


Revirei os olhos e ele foi pra primeira fileira da frente junto com outros colegas que o acompanhava. Em seguida chega o Gustavo correndo, só deu tempo de me da um tchauzinho, retribui sorrindo sem mostrar os dentes.
- to gostando dessa universidade - disse Georgia. Olhei pra ela e ela estava babando pelo Rafael e Cia, RI com o nariz. Se ela soubesse do que eles conversam, ia desgostar rapidinho. Mas fiquei calada.
Chegou a vez da apresentação da associação de esportes. E quem fazia parte da associação? Ele mesmo, Rafael.
É um dos diretores, juntamente com o Gustavo e um outro amigo chamado Nathan, segundo a apresentação.
Foi a associação mais animada que se apresentou, a proposta é muito boa. Até pensei em me inscrever no futsal feminino, handebol e vôlei... Preciso me exercitar!
- ta pensando em entrar em alguma?- perguntou minha colega, Geórgia
- gostei dessa, só não sei se é igual a maioria das outras que só podem a partir do segundo período.
- é verdade...
Acabou a apresentação e o Rafael saiu junto com os colegas e mais uma vez, fingiu não me notar. Não sei porque ainda ligo pra isso. Ao passar por nós, minha colega resolve chamar ele.
- ei, gostaria de mais informações sobre a associação de vocês...
- diga, linda - falou Rafael e eu revirei os olhos
-  Todos podem entrar? Digo, independente do período. Porque eu e minha colega aqui gostamos dessa de esportes, mas somos calouras
- não, eu não quero entrar - falei quase pulando da cadeira. Pelo amor, Geórgia!
- mas você... - a interrompi
- achei legal, mas não quero participar..
- como você se chama? - perguntou Rafael à Geórgia.
- Geórgia.
- que lindo nome, diferente - ela sorriu derretida. Vi os amigos dele segurando o riso, que idiota. - então Geo, pode participar sim. Temos essa diferença, somos totalmente abertos a chegada de calouros. VOCÊ, será muito bem vinda - falou dando ênfase no Você. Revirei os olhos mais uma vez. Sou boa nisso.
- obrigada - falou ela, sorrindo. Ele deu um beijo na bochecha dela e saíram. Terminamos de assistir à palestra e fomos pra casa. Fiz todo o processo de chegada: interfono, Rafael atende, pergunta quem é e se o portão abriu, entro, chamo o elevador, subo e a porta ja está aberta... Não, pera. Hoje estava fechada e com um barulhao vindo de la de dentro. Toquei a campainha e um cara abriu a porta. Estava o Rafael, Gustavo, Nathan e mais 3 caras que tava na palestra hoje. Quando entrei Fizeram silêncio e todos me olharam. Fiquei morta de vergonha.
- boa tarde - falei ao entrar - oi, tudo bem? - falei com o Gustavo
- tudo sim, quer Dizer que não gostou da atlética?
- quem te falou isso? - perguntei - eu gostei, me amarro em esportes, só achei meio american pie - falei e eles riram, menos Rafael que entortou sua boca perfeita
- a ideia é essa - disse um loiro de olhos azuis e com o braço todo tatuado - mas seria daora se você participasse - falou e eu fiquei com uma cara de interrogação
- por quê? - perguntei
- é, Felipe, por quê? - perguntou um outro amigo segurando o riso
- ah-h, mano. pq sim ue
- ihhhh. gaguejou - disse Nathan
- ah, vão se fu*r - falou Felipe
- olha a boca viado, respeita a mina - disse Gustavo, dando um tapa na cabeça do Felipe.
- foi mal ae - Felipe se desculpou
- tranquilo, vou aqui - falei me despedindo
- ow, mas volta pra ficar aqui com a gente - disse o Nathan
- ah, to com umas coisinhas pra estudar - menti
- ue, mas ja? Primeiro dia praticamente nao tem nada - falou um outro cara, com toda razão
- pois é... Deixa pra próxima. Boa tarde pra vocês - falei saindo da sala
- é a melhor coisa que você faz... E não precisa fingir que é educada - disse Rafael, parei e me virei pra ele
- pelo menos eu finjo, né - falei
- Rafael assumindo que não gosta de mulher - disse Nathan
- vsf, Nathan. Só vai ter ela de mulher aqui e a gente só fala p*taria - disse Rafael
- Depois eu que sou finginda, vou nessa galera - falei e entrei no quarto.
mano, que rabaaaa - falou Felipe
- cara, pq tu não falou que a mina era gostosa assim, carai - disse Nathan
- respeitem a garota seus fdp - falou Gustavo
- só pra falar que tenho interesse hein - disse o outro cara - mano, era pra ter filmado a cara do Felipe segurando pra não falar que o real motivo dela entrar na atlética era por conta do uniforme - riram
- to sonhando com ela de uniforme, bro. - falou Felipe
- vocês não prestam, não sei pq sou amigo de vocês - disse Rafael.
Fui tomar banho, comi um biscoito e acabei pegando no sono. Acordei com batidas na porta, abri e era o Rafael, todo arrumado e super perfumado.
- vou sair... - o interrompi
- leva a chave!
- certeza? - falou
- sim! Não estou nem um pouco afim de ficar esperando sua boa vontade de voltar pra casa pra poder ir dormir.
- larga de ser arrogante, garota. Só to perguntando pra se caso você precisar sair - disse impaciente
- não irei, ao contrário de você, eu estudo!
- e eu não? Cala a boca, nem me conhece pra ta falando - Ergui uma das sombrancelhas
- boa farra - falei e Fechei a porta novamente na sua cara.
(...)
- essa menina ta me tirando do Sério, pqp - disse Rafael entrando no carro
- ihh, qual foi? - falou Nathan dando partida
- a próxima vez que eu estiver falando com ela e ela bater a p*rra da porta na minha cara, eu quebro aquele crl de porta
- relaxa aí, brother - riu Nathan - mano, to sonhando com aquele rabetao, não sei como consegue brigar com ela
- grossa pra cacete, mau educada
- gostosa, peituda, gente boa..
- ah, vai se ferrar
(...)

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Capítulo 1

- Rodoviária de Uberlândia, apenas embarque e desembarque. - avisou o motorista não impedindo que alguns passageiros descessem do ônibus para "tomar um ar" - pessoal, se vocês descerem vamos demorar um pouco mais para chegar no destino... - mais uma vez, o coitado foi ignorado.
Levantei, me despedi do pessoal que estava a mais de 15h comigo e desci. Fui pegar a minha mala que estava na parte de baixo do ônibus e recebi um abraço caloroso da senhora que sentou na minha frente dentro no ônibus. Havíamos nos tornado melhores amigas nas últimas 4 horas.
- Te desejo tudo de bom princesa! Sucesso nessa sua nova jornada, que Deus te abençoe sempre! - falou enquanto me abraçava
- Obrigada!! Muito obrigada!  - sorri em meio ao abraço. Nos soltamos e ela foi até a lanchonete. Entreguei a numeração da minha bagagem ao motorista e ele me entregou a mesma. - boa tarde, onde pego um táxi? - perguntei a uma funcionária da viação na qual eu havia acabado de desembarcar.
- Logo ali, na saída da rodoviária - apontou para um grupo de taxisitas e eu agradeci.
Caminhei até a saída e só identifiquei qual era táxi por conta da bandeirinha em cima. Preciso lembrar cada vez mais que não estou na Bahia, e sim, em Minas Gerais.
Fui aprovada na Universidade Federal de Uberlândia e irei cursar engenharia elétrica. Me chamo Eduarda Castanho, tenho 20 anos, sou soteropolitana e é a primeira vez que vou morar em outro estado... E sozinha! Aluguei um apartamento próximo a universidade para ficar enquanto recorro as bolsas auxílio da universidade. Falando em apartamento, fiquei de ligar para a corretora que me ajudou na escolha do apê assim que chegasse em Uberlândia, e foi exatamente isso que eu fiz assim que entrei no táxi e passei o endereço pro motorista.
- Alô?!
- alô, Lilian? Sou eu, Eduarda. A estudante da UFU, de Salvador...
- Ahh, oi... - falou num tom hesitante
- Eu já cheguei em Uberlândia... Como faço pra te encontrar e pegar a chave?
- Então... Olha Eduarda, teve um probleminha... - falou pausadamente. Eu não respondi, apenas esperei que completasse a frase - houve um erro de comunicação... um outro corretor que trabalha para essa mesma construtora alugou o seu apartamento.
- mas como assim??? Eu já havia deixado pago, o contrato assinado... - falei incrédula. Pra onde eu iria?
- Eu sei, eu sei... Você está certa! Mas o inquilino para qual ele alugou queria pra já, e eu ainda não havia dado baixa no seu contrato no conselho dos corretores da construtora...
- Tá Lilian, quero saber como é que eu fico?! Ou melhor, onde eu fico?! Não tem como transferir o inquilino pra outro apartamento? Outro prédio da mesma construtora? Eu to no meu direito, ja deixei tudo certo.
- Eu sei, Eduarda... olha só, podemos marcar de nos encontrar agora?
- Estou no táxi - falei impaciente e preocupada
- Pede pra ele ir no Restaurante Estancia do Cupim, te espero na entrada. Pode deixar que pago o táxi. Chego lá em cinco minutos, tudo bem?
- OK - desliguei o celular - moço, não irei mais pra esse endereço, pode me deixar no restaurante Estancia do Cupim
- Claro. - respondeu gentilmente - deu ruim aí?
- Pegaram meu apartamento!
- Como assim? - perguntou e eu expliquei o ocorrido. - mas isso ta errado, moça. Você pode processar eles fácil, fácil. Ocê ta com a cópia do contrato e recibo de pagamento em mãos? - respondi que sim - meu sobrinho é advogado, posso falar pra ele do seu caso...
- obrigada, mas vou ouvir o que a corretora tem pra me falar
- qualquer coisa, ocê me avisa.
Não demorou muito e chegamos no tal restaurante. Lilian ja estava a minha espera com seu traje elegante, como sempre. Alta, magra, cabelos pretos com corte chanel, calça jeans boca de sino e uma blusa sem manga. Quando me viu sair do carro, se aproximou, pagou o taxista que me entregou seu cartão e falou "qualquer coisa, me liga" , tirou minha mala do porta-malas e seguiu
- Oi Eduarda, vem, põe a mala aqui no meu carro. - coloquei a mala no carro dela e entramos no restaurante - quer pedir alguma coisa?
- Não, dona Lilian, só quero saber onde vou morar, e vou logo avisando, eu quero AQUELE APARTAMENTO, nenhum outro. Ja foi difícil encontrar...
- Calma, eu tenho uma proposta para te fazer... esse rapaz, também é estudante da UFU, está morando aqui há  2 anos e tem a mesma faixa etária que você... no momento, não temos apartamentos disponíveis, está previsto um para daqui a 1 mês, 1 mês e meio, por aí. Então você poderia dividir com ele... - a interrompi
- E o meu dinheiro??
- Então, nós vamos te reembolsar, pagar uma indenização por todo esse constrangimento. Quando passar esse período, ele esvazia o seu/dele e vai pro outro, já que você fechou o contrato primeiro
- Qual o valor da idenização?
- 25 mil durante 3 meses, mais os 6 mil referente aos 3 meses de aluguel que ja deixou pago. - me controlei pra não cair da cadeira. 75 mil pra dividir o teto com um cara durante quase dois meses? Fechado! Só espero que ele não seja nenhum psicopata ou pervertido - assim, vocês "esquecem" esse mal entendido. O que me diz?
- Tudo bem... Não vou processar vocês - ela suspirou aliviada - quando recebo o reembolso?
- Hoje mesmo será depositado a primeira parte deste mês na sua conta.
- OK. Ele já sabe?
- Sim. Por ele, ta tudo tranquilo.
- ok.
- Fechado então. Aqui está nosso contrato. - falou Retirando um envelope branco de  dentro da sua pasta - Pode levar pra casa, ler calmamente e assinar. Qualquer dúvida, pode entrar em contato comigo.
Saímos do restaurante. A Lilian me deixou na porta do prédio e aguardou eu entrar. Interfonei pro meu mais novo colega de quarto que demorou pra atender.
- Quem é? - disse com uma voz de sono. Relevei pelo fato de ser 16h e estar um friozinho bem gostoso em Uberlândia
- Eduarda, vou dividir o apê contigo.
- ah sim, abriu? - ouvi a tranca do portão se abrir. Respondi que sim, dei um tchauzinho pra Lilian e entrei no prédio. Chamei o elevador e aguardei. O prédio tem 8 andares. Ele não é enorme. É bem típico dos prédios da região, pelo fato da maioria dos moradores serem universitários, deu origem aos nomes dos edifícios. O meu se chama Morada Universitária 367 e irei morar no ultimo andar, apartamento 801.
O elevador chegou, apertei meu andar, Fechei a porta e subi. Chegando lá, a porta do apê ja estava encostada. Nossa, que educado, nem me recepcionou, pensei. Entrei arrastando minha mala enorme ( coisas pra cinco anos em MG) e fui até o quarto onde eu iria ficar. Pelo menos ele foi sensato e não ficou com a suíte. Tranquei a porta. Sentei na cama e quase fico lá até o dia seguinte de tao cansada que estou.
O apê já era mobiliado, o que aumentou consideravelmente o valor do aluguel, mas foi o mais barato que encontrei. Tem uma sala não muito grande, sem divisorias pra cozinha, apenas uma parede pequena para esconder uma pia e a maquina de lavar, obviamente ali é a área de serviço. Dois quartos, um com suite, banheiro social e só. Fica a uns 5 minutos da UFU, posso até vê-la da janela do meu quarto.
Abri  janela do quarto e decidi ir tomar um banho (estava precisando urgentemente), vesti um short jeans, uma regata Azul e coloquei um casaquinho. Como venho da Bahia, qualquer 23° ou menos, é muito frio. Depois dessarrumei a mala, arrumei minhas coisas no guarda-roupa, forrei a cama e depois de tudo em ordem, abri a porta para ver se meu colega de ape ja havia dado as caras. Saindo do quarto, notei que a porta do quarto dele estava fechada ( é de frente pra minha porta, e entre as nossas portas, do lado esquerdo tem a porta do banheiro social). Virei a direita e fui até a sala, tinha um rapaz barbudo, com cara de ter uns 23 anos sentado no sofá mexendo no celular. Levei um sustinho.
- ah, oi - falei acenando timidamente e colocando uma das mãos no bolso de trás do short logo em seguida. - me chamo Eduarda... Ah, já te falei isso... É que quando eu cheguei eu não te vi, você deixou a porta aberta... - ele sorriu fazendo seus olhos diminuírem, tao fofo
- prazer te conhecer, Eduarda - levantou, apertou minha mao e me deu um beijo na bochecha. Nossa, meu coleguinha é bem cheirosinho. - me chamo Gustavo, mas não sou eu quem moro aqui
- ahhh, não? Como assim... - ouvi o barulho da porta do quarto abrir, me virei e dei de cara com o meu verdadeiro coleguinha... E que coleguinha. Ele estava sem camisa exibindo todo o seu abdômen dividido no qual me deixou dividida entre olhar para seus lindos olhos meio mel, meio verde, não sei bem qual cor que é, ou pro seu físico maravilhoso.



- esse é - disse Gustavo - Rafael



- e aí - disse Rafael acenando com a cabeça e indo arrastando o chinelo em direção a geladeira. Cara de ressaca do dia anterior.
- oi, sou Eduarda...
- é, eu sei. A dona oficial daqui. - falou abrindo uma garrafinha de água e bebendo. Fiquei sem saber o que falar depois de tamanho desinteresse dele em relação a mim, que mal educado. Gustavo percebeu o clima e resolveu dar uma força.
- como foi a viagem, Eduarda?
- Ah, foi bem - me virei pra ele - cansativa! - dei de ombros sorrindo de canto
- imagino, mas e aí, preparada pra ficar longe de casa?
- nem um pouco - rimos
- é assim mesmo, depois se acostuma. Eu sou de São Paulo, moro aqui há 2 anos. Na minha primeira semana eu queria ir embora, jurava que não ia aguentar, agora é difícil de voltar pra casa - riu - só vou mesmo quando não tem jeito, ou seja, quando minha familia não vem.
- nossa... Estuda na UFU também? - ele assentiu
- sou estudante de engenharia civil, Sou da mesma sala que o Rafa - apontou com a cabeça pro seu amigo mau humorado, olhei de relance pra ele que estava mexendo no celular, encostado na pia.
- hum.. Legal
- você vai gostar daqui, é tranquilo. Depois que se enturmar então, moleza
- assim espero...
- ow, tu vai la pro bar do Geraldo hoje? - falou Rafael pro Gustavo
- mano, to muito afim não, queria mesmo é ficar em casa
- ah, para. A Bia vai, Fernanda ... Ce tem que ir
- por quê? - perguntou Gustavo
- cê tem que ta la pra pegar a Fernanda caso nada der certo - babaca, era só o que me faltava. Falei mentalmente
- não, esse papel é seu - disse Gustavo. Eles riram - ela ta namorando agora, ce viu? Altas declarações
- ah mano, pára.. tu acha mesmo que isso vai render? A mina nunca namorou na vida, por isso enche as redes de fotos, textoes, essas paradas...
- vou nessa - falei me despedindo deles
- falou- disse Rafael
- ue, vai dormir? - perguntou Gustavo
- não, vou terminar de ajeitar umas coisas... só saí pra da um oi mesmo - dei de ombros
- ah, falw entao, Prazer. precisar Tamo aí
- valeu - entrei no quarto e tranquei a porta, mas pude escutar um pouco da conversa deles
- mano. tu nem recebeu a mina, cara - disse Gustavo - tem cara de ser firmeza
- ah, tava com mó sono..  É gatinha, mas aparenta ser muito certinha - ri incrédula, bando de desocupados - caraaaa que loucura ontem na casa do Nathan
- nossa, nem me fala! até hoje não sabemos como você conseguiu chegar em casa...
Desisti de ouvir aquele papo de bêbado e fui olhar a rua pela janela. Eram 18h e o céu ainda estava claro, fiquei encantada quando o sol começou a se por. Tirei uma foto e mandei pro grupo da família, como queria que eles estivessem aqui comigo. No mesmo momento. senti lagrimas rolar pelo meu rosto, a saudade ja estava dando sinal de vida. Deitei na cama e comecei a chorar, o real motivo? Não sei, mas só pode ser saudades... Acabei dormindo.
Acordei com gargalhadas vindo da sala.
- crl mano, e ela engoliu?
- ai dela se recusasse, a punição seria pior - reconheci a voz do Rafael. Mais gargalhadas e gritarias surgiram após esse comentário ridículo
- ta rindo de quê Téo, tu é virjao, sabe nem do que ele ta falando - disse Gustavo
- não foi o que ele me disse ontem.... - falou um outro cara que não conhecia a voz
- olha o outro também - disse Rafael e caíram na gargalhada
Meu Deus, onde fui me meter... Pelo visto, esses 75mil vai me custar caro.
Ainda sem ânimo para bater papo e responder ao vivo à todas aquelas perguntas de praxe ( como foi a viagem? Você passou mal? Aí é legal? E sua casa?). Mandei notícias por escrito, as mesmas para minha mãe, meu amigo e uns colegas, dizendo que estava tudo bem , que eu havia dormido demais e que no dia seguinte ligaria para todo mundo.
Enrolada num lençol, me agachei em frente a uma de minhas malas que ainda estavam feitas e peguei um par de meias. Vesti ,tirei um cochilo e quando acordei já estava tudo escuro, ia dar 21h. Parecia que eu estava sozinha em casa. Fui ao banheiro e ouvi batidas na porta do meu quarto. Abri e era o Rafael
- ow, Tamo indo lá no bar do Gera, você quer ir? - perguntou todo arrumado com uma bermuda branca, blusa de manga gola V preta e um sapatênis... Até que  não é de se jogar fora.
- ah, não... Obrigada
- quer ir não? - perguntou mais uma vez e eu neguei - então beleza. Olha vou deixar a chave aqui, daí quando eu sair ce tranca na segunda fechadura, quando eu chegar ce abre, porque ela só abre por dentro.
- Ok
- Vou nessa - saiu e eu fui atrás dele pra poder trancar a porta, ele saiu e eu Fechei.
Retornei pro meu quarto e fiquei olhando a rua pela janela. Dois minutos depois, vejo o Rafael, Gustavo e uma garota saindo do prédio e indo em direção a rua da faculdade. "espero que não demorem, estou bêbada de sono. Se eu dormir, pode ter um terremoto que não acordo" pensei. Fiquei conversando com umas pessoas pelo celular, instagram, facebook... Evitei assistir algum filme/série porque com certeza me daria mais sono ainda.
Deu 22h...
23h...
00h...
01h...
E ouço a campainha tocar. Levantei da cama num pulo e fui abrir a porta com uma cara não muito boa (pois ele fez uma careta quando me viu). Abri a porta e dei as costas pra voltar pro quarto.
- Tava dormindo ? - perguntou enquanto trancava a porta
- se eu tivesse dormindo, você ia morrer de tocar aí, não iria acordar - falei sem muito papo
- ah sim, demorei muito? - "cala a boca, cara. Pelo amor de Deus. Agora ta afim de conversa? Agora que passou o efeito da ressaca, ah me erra" pensei. Virei pra ele com uma cara bem irônica.
- vê que horas são... - falei me virando novamente pra ir pro quarto
- ei, tentei vir o mais cedo possível ! - falou vindo atrás de mim - se soubesse que não ia valer de nada, teria ficado lá, com certeza estava mais interessante do que olhar pra sua cara mau humorada
- ahhh, eu que sou mau humorada?! -  Parei na frente da porta do meu quarto e ele na do quarto dele. Cruzei os braços - Mas tudo bem, antes ser mau humorada do que mal educada
- ta me chamando de mal educado? - ele se virou pra mim
- se a carapuça serviu - Ergui os braços
- vê se me erra garota, nem me conhece - se virou novamente e abriu a porta do quarto
- a primeira impressão é a que fica, não é mesmo?
- ah, sim! Concordo plenamente... E eu não fui com a sua cara
- te digo o mesmo - falei e Fechei a porta na cara dele. - calma Eduarda, respira... Respira. Amanhã começa as aulas e você vai ter sua mente super ocupada - falei comigo mesma - Ai, como queria minha mãe aqui - sentei na cama e desabei a chorar novamente... E assim, adormeci.

 

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