- me tornei aquilo que mais temia: adulto e pobre! te contar viu.. - falou André, arrancando gargalhadas minha, da Geórgia e de alguns colegas que também ouviram aquele comentário.
Estávamos esperando o professor de cálculo I chegar para mais um dia sofrido de aula.
- o que vocês vão fazer esse final de semana? - perguntei a eles dois
- vou la na minha cidade visitar minha família - disse Geórgia
- sábado vou num aniversário. Ainda não tenho nada pro domingo
- ah.. Queria ir no cinema, tempao que não vou - falei
- vamos deixar pro próximo - disse Geórgia - estarei aqui. Também preciso ir
- fechado - disse André
- vocês fizeram o exercício 3 da lista - perguntou um colega de turma, Ricardo, sentando próximo da gente
- cara, fazer eu fiz, se ta certo... - falei
- ta doido, isso não é de Deus não - disse ele
- Definitivamente, não! - concluiu Geórgia
O professor entrou na sala e começou a correção da lista de exercícios que havia passado.
- pronto, depois de descoberto, você monta o gráfico da função - falou ele escrevendo no quadro. Pra maioria, ele estava falando grego - inclusive pra mim. - tranquilo? - ninguém se manifestou - que cara são essas? - falou fazendo careta - qualquer dúvida podem falar. apenas 4 de vocês marcaram e compareceram no horário de atendimento comigo... - disse sentando-se na cadeira da sua mesa - nosso monitor Rafael se acidentou, vocês ficaram sabendo?
- sim, a Eduarda mora com ele - disse Adriana. Até parece que fui eu quem contei que ele se machucou. Todos olharam pra mim, inclusive o professor. Senti meu rosto arder.
- morava - protestei
- mas quando aconteceu, eles ainda moravam juntos. Ela quem levou ele pro hospital e ficou la até ele receber alta - falou uma colega. Incrível como as notícias correm rápido por aqui.
- ah, é? - disse o prof - e como ele ta, Eduarda? Ta melhor?
- ahh, sim. Ta fazendo tratamentos diários
- mas ele ta indo pra clínica ou em casa mesmo?
- ele vai um vez na semana na clínica. O restante dos dias é em casa mesmo. Mas ja ta andando e tudo mais. Com o auxilio da muleta, claro
- Graças a Deus - falou - ele me ligou avisando. Fiquei sentido. Mas fico feliz que ele esteja se recuperando bem. Ele é fundamental na universidade. Pessoal, vou passar mais uma lista pro email. vocês - mudou de assunto, mexendo no seu notebook
- a prova da semana que vem está confirmada, professor? - perguntou um colega
- até o momento sim. Se caso acontecer algo que precise desmarca-la, aviso com antecedência e combinamos um outro dia.
(...)
- da pra prestar atenção?
- eu to prestando...
- não, Eduarda, você está olhando pra minha boca.
Quinta-feira 18h da noite.
Estou no sofá do apartamento de Rafael estudando - ou melhor, tentando - pra prova da semana que vem.
- você tem que aprender isso daqui. Se não souber, vai errar a maioria das outras questões - falou calmamente
- eu vou me ferrar nessa prova
- não vai não. Você sabe o assunto. Até que não é burra - falou e eu dei um empurrãozinho nele que riu - é serio. Tem facilidade pra cálculos. Mas ta errando nessa parte aqui
- como você conseguiu passar nisso? - perguntei olhando pra ele
- estudando, ue. Eu era péssimo em matemática na época do colégio
- mentira!
- juro. Fazia recuperação e tudo mais. E estudei em escola pública. - disse colocando o pé imobilizado em cima de uma cadeira - Quando fiz a primeira lista de exercício e entreguei pro prof Vagner, ele perguntou de onde eu era, quando Respondi, ele me mandou fazer as malas e voltar pra casa. Disse que era pra eu ter compaixão da minha família que estava me ajudando com as despesas, pq eu não tinha futuro
- serio? - ele assentiu - e você?
- fiquei com vontade de socar a cara dele! Odeio que tirem conclusões precipitadas sobre mim. mas pra não dar motivos a ele, resolvi estudar e provar que meu lugar era aqui.
- hoje ele baba seu ovo - falei e ele sacudiu a cabeça - serio. Um dia desses na aula ele falou que você é um cara fundamental da universidade.
- ele se tornou meu amigo-pai. Um dos professores mais próximos. - sorriu - quando eu fiz a primeira prova dele, não tinha errado uma questão sequer, mas ele não me deu a pontuação fechada pq disse que ninguém fecha a prova dele, FDP
- você ta me assustando - ele riu
- que nada, pra passar nele é so estudar. Se ele ver que voce se empenha, procura entender, procura aprender... Ja foi. Ganhou Vagner. Tenho aqui uns modelos de prova dele. Ele analisa tudo! Tudo mesmo! Vê como é que você chegou em determinado resultado, qual fórmula você usou. Pq voce pode ir por varias vertentes. Ele diz que aplica as provas dele tipo uma redação. Ele da um tema e o aluno elabora um texto coeso e coerente. Aí ele analisa a forma de pensamento do aluno, como ele organizou as idéias, por qual vertente ele caminhou... O cara é simplesmente monstro! - disse com admiração
- OK. ainda estou com medo - falei voltando as atenções pro caderno e apostila que estava no meu colo. Rafael riu e depositou um beijo demorado na minha bochecha. Ele vem me surpreendendo com tanta Fofura. Realmente, eu havia tirado conclusões precipitadas dele - mas também, ele deu motivos pra isso.
Fiquei tao feliz no dia em que ele me contou um pouco sobre ele, sua familia, o pq ele veio pra Minas... Me senti próxima dele, de uma certa forma.
O pior foi ter que ficar repetindo pra mim mesma que aquilo não foi nada, que não era só pq ele me contou uma coisa pessoal que ele seria o cara com que eu ia usar todos os meus conjuntos de lingeries da La Perla por toda vida ou o pai dos meus filhos, na hora de dormir.
- vamos focar aqui - falou- Se x é menor que -1, então...- volta a atenção no caderno
- então o módulo de x + 1 mais o módulo de x - 1 é igual a -x-1 menos x+1, que é igual a -2x ?
- boa garota! até merecia um beijo
- Mas eu acertei!
- mas não ta merecendo
- incrível suas desculpas
- desculpas?
- sim... Você não quer me beijar pois sabe que não vai resistir - falei bem baixinho e passando o dedo indicador no seu lábio inferior
- ta muito esperta pro meu gosto
- ahá! - pisquei - sou barril!
- você é o que? - perguntou com uma cara confusa
- barril - RI - falamos isso na Bahia. Nesse sentido é tipo, sou F$DA
- e tem outros sentidos?
- yess! Igual a f$da. Tipo, se eu falar: essa questão ta barril. É tipo: ta difícil, ta complicada, ta f$da. E eu posso até intensificar mais falando "barril dobrado" . "Eu sou barril dobrado" ou seja, eu sou muuuuito boa. E "essa questão ta barril dobrado", essa questão está muuuuuito difícil. Sacou? - pisquei e ele fez uma cara de interesse
- gostei. Vou usar. Voltando.. Se x -1 é menor ou igual a x menor que 1, então...
- então o módulo de x+1 mais o módulo de x-1 é igual a x+1 menos x+1 que é igual a 2.
- mano... Você - me deu um selinho - é - selinho - barril - selinho e eu gargalhei - e não apenas barril - selinho
- humm - passei meus bracos em volta do seu pescoço
- você - me deu mais um selinho - é - selinho - barril - selinho - dobrado!
Eu rio e ele me dá um beijo ofegante e eu me entrego. Sinto suas mãos
puxando os cabelos da minha nuca. Me arrepio toda. Continuamos nos beijando por uns dez minutos, até que interrompo com selinho.
- pensei que eu não estivesse merecendo - brinquei
- você sempre me merece.
Rafaelnunes Eu só posso agradecer...
Julia: Que tanquinho é esse?!!
Kikko: goxxtoso. Dilatei
Xavier: camisa 10
Bruno: aeeee parça. Da pra ver a melhora!
Hellen: que Gatinho, Rafa. Estamos sentindo sua falta
Gustavo: ai meu coração! Não aguento não
Viviane: isso mesmo, meu lindo. Gratidão é o sentimento mais lindo
Luiz: ta no speed já né
Rafaelnunes: daqui a pouco volta a ativa @luiz hehe
Forlan: mano, passa seu endereço novo. To querendo te prestigiar com minha ilustre visita ha ha ha abraço irmão
Rafaelnunes: @viviane concerteza, tia. Saudades
Eduarda: Panda
Nathan: qual a sensação de ser lindo assim?
Rafaelnunes: opa! Nao tem como dizer nao, ne?! direct delicia @forlan
Vinicius: a empresa Jr precisa de tu mlkote
Rafaelnunes: fiona @eduarda
Beth: onde clica pra curtir 1000 vezes?
No seu....
Pensei.
Que garota chata.
(...)
Passaram-se os dias.
Fiz a prova de calculo 1, e advinhem? Não fui muito bem.
Por mais que eu estudasse cerca de 3 horas por dia com o Rafael, fiquei com a nota média.
Falando em Rafael, as coisas entre Nós estão fluindo como um rio.
Preferimos não dar nome pro que estamos Sentindo, apenas viver. E ta sendo maravilhoso.
Ontem fomos tomar um sorvete numa sorveteria em frente ao seu prédio.
Ele ja está quase 100%, mas como o foco dele é a olimpíada universitária, está tomando todo o tipo de cuidado.
Apenas a Geórgia e o Gustavo sabem do nosso lance. Os demais apenas disconfiam, até pq quando estamos entre amigos, não ficamos juntos.
A Beth veio visitar Rafael num dia em que estava eu, Geórgia e Vinicius no AP dele. Sua visita não se prolongou. Quando me viu abrir a porta, seu expressão facial mudou. Fingi não me importar e fui simpática a todo momento.
Depois desse dia, ela sumiu. Só vejo, quase que nunca na faculdade.
(...)
- Amiga, só amanhã - suplicava Geórgia.
- você tem noção do que está me pedindo, Geórgia? - falei caminhando até meu guarda-roupa. Sexta-feira, 19h, e a minha amiga está implorando pra que eu fique com as duas primas gêmeas dela enquanto ela sai com o Gustavo. - eu amo crianças, mas é muita responsabilidade.
- elas são uns amores, obedientes... Não vai acontecer nada. Por favor
- quando é que elas chegam?
- amanhã. Minha tia quer fazer uma segunda lua de mel esse final de semana. Eu esqueci que o Gustavo tinha me chamado pra sair. Elas nao irão quebrar nada seu, prometo
- ta bom!!! - falei por fim
- aiiii como eu amo essa baianinha!! - falou me apertando
- que falsiane! - falei - me solta, vai
- nossa, se fosse o Rafael voce não estarei pedindo pra te soltar - falou se jogando na minha cama. - estaria "aiii Rafa, me aperta, me pega de jeito" - disse modificando a voz
- besta - ri - pra onde você vai amanhã com o Gustavo?
- passar o dia num sítio do tio dele
- só vocês dois? - falei sentando na cama
- uhun
- juízo hein
- sempre!!! - falou bem animada - e você e o Rafael? Como estão? A viking já desencantou?
- nunca mais ela apareceu... Não quando estou lá. Discutimos ontem ...- falei sem muita emoção - ainda não falei com ele hoje
- Ue, por qual motivo?
- sabe que nem eu sei? na verdade eu até sei... Tenos realidades diferentes. Ele é super popular, "fundamental na universidade" ... Eu não sei lidar com isso. Ontem chegou duas "colegas" dele lá. 22h da noite! O que duas pessoas vão fazer na casa da outra às DEZ HORAS DA NOITE? Tem que ter muita intimidade, né?!
- o que elas queriam?
- disse que não era nada. Fui eu quem abriu a porta. Elas falaram rapidinho, ainda disseram "não sabia que ja estava com visita" - revirei os olhos - aí uma outra disse " a gente só veio ver se voce melhorou, se não estava precisando de algo. Depois voltamos com mais calma"
- e ele?
- aí elas foram embora e eu também. Antes de eu ir ele falou que não sabia que elas iriam pra la e tal... Me poupe, né. Ele da muita ousadia, isso sim
- você tem que ter paciência Duda. Pelo que percebi, ele é sim, muito popular... deve ser complicado ele mudar a realidade dele assim de uma hora pra outra. Vai que ele era daqueles que todo mundo vai na casa, a hora que quer.. Não sei. Uma coisa pode ter certeza, ele gosta de você
- me irrita isso. Eu preferi não falar nada. Não sou nada dele. Não posso cobrar esse tipo de atitude ele. Ele me entupiu de mensagem hoje. Respondi só o básico. Me ligou mas eu atendi e falei rápido. -suspirei - tem horas que eu tenho minhas dúvidas sobre esse "gostar de mim" que você fala... tem vezes que ele se tranca. Tenho medo de ser apenas mais uma. Uma Beth, que parecia que ia, mas não foi
- larga de ser boba, isso ta mais do que na cara. Ele ta apaixonado por você! Coisa que até onde eu sei, ele não estava por essa tal de Beth
- sem exageros - disse por fim, decidida a me afastar do Rafael o quanto antes.
Resta saber se iria conseguir.
(...)
Hoje é sábado e estou indo até o supermercado que tem aqui perto de casa para comprar algumas besteirinhas pra comer com a Ana Julia e Pietra, as primas da Geórgia.
Não demorei muito - não gosto de demorar no mercado - pois ja fui com tudo que precisava anotado.
Cheguei em casa e não demorou 30 minutos, a Geórgia interfonou. Abri o portão e ela subiu com as meninas.
Elas são uma graça! Gêmeas idênticas, com excessão dos cabelos. A Anaju tem cabelos loiros e lisos e a Pietra, pretos e encaracolados.
Ambas usavam um conjunto com um short jeans e uma blusa amarela. 8 anos de idade.
No começo elas ficaram bem tímidas. Mas essa timidez não demorou muito, foi logo embora depois que eu coloquei diante delas um prato com brigadeiro de colher e o filme "Os Croods" na tv.
Gustavo subiu e depois saiu com a Geórgia.
Ficamos assistindo o filme e conversando um pouquinho. São bem espertas. Até que o filme acabou.
- Tia Duda, podemos ir na lagoa? - perguntou Ana Julia
- oi? - falei sem entender.
- Nós trouxemos maiô. Colocamos na mochila, escondidos da mamãe. - Ela meolhou com a carinha mais fofa do universo, dessas que fazem gelo derreter. - Por favor...
Realmente, eu havia planejado de tudo, menos levar as garotas à lagoa. Em primeiro lugar,
não queria me arriscar caso alguma - ou as duas - não soubessem nadar e acabassemse afogando. Depois, estava fazendo frio. E não há nada neste mundo que eu deteste mais do
que água gelada em minhas costas.
- Bom, podemos combinar o seguinte... - disse, tentando ganhar tempo para elaboraruma ideia brilhante. - A gente vai na brinquedoteca primeiro. Quando nos cansarmos de brincar,fazemos um piquenique na lagoa, mas sem usar roupa de banho por enquanto. Legal assim?
Minha proposta foi aceita com entusiasmo. Para quem não vivia rodeada por crianças, euaté que levava jeito. Talvez trocasse de curso. Pedagogia erauma boa, né? Ou psicologia, quem sabe?
Brincadeirinha
Descemos e ficamos la com algumas outras crianças e seus responsáveis e babás.
Sentei no sofazinho que tem numa parte coberta, de costas pra porta enquanto olhava elas brincavam com os brinquedos da brinquedoteca.
Depois de quase 1h brincando, elas vêm na minha direção.
- podemos ir na lagoa agora, tia Duda? Hein? - perguntou Pietra.
Devanear perto de crianças não é legal. Elas não esperam a gente voltar a raciocinar.
- Podemos, tia Duda? - reforçou Anaju
- Claro que a Duda vai deixar, não é, princesa?
Dei um pulo. Apesar de todos os rostos terem se mexido automaticamente pela
manifestação de uma voz masculina naquele ambiente dominado por apenas nós três, eu me mantive namesma posição, ou seja, de costas para a porta e impossibilitada de verificar quem entrava esaía na brinquedoteca. Não que eu precisasse olhar, diga-se de passagem, pois sabia exatamentequem era o dono da voz mais profunda e sexy da face da Terra.
Por que Rafael tinha que aparecer para complicar um dia tão bom? E como assim, mechamar de princesa? Ridículo.
Ainda sem me mover, respondi calmamente
- se é que dava para ficar calma naquela
situação -, como uma professora das mais pacientes:
- Se vocês estiverem mesmo cansadas de brincar aqui por hoje, não vejo nenhum problema em
levá-las à lagoa. Mas não vamos nadar, certo? Mas antes, vamos arrumar todos esses brinquedos aqui.
Rapidamente, as meninas deram conta de organizar a brinquedoteca. Quer motivação melhor que a
promessa de um passeio ao ar livre?
Durante todo o momento de arrumação, senti os olhos de Rafael me observando. Ele ficouparado na porta, com um ombro encostado de maneira despojada no batente, de olho em tudo,ou melhor, em mim. Claro que primeiro cumprimentou as meninas e fez um gesto rápido com acabeça em minha direção, mas nem se preocupou em nos ajudar, nem disse nada. Só ficou lá,
com aquele olhar de lince, avaliando meus movimentos, como um encarregado de turma numafábrica.
- Precisa de alguma coisa? - indaguei, a personificação da indiferença. Pura fachada.
- Nada, não - disse, todo confortável. - Só estou esperando vocês para o passeio.Vou acompanhá-las.
Deu para perceber o tom? “Vou acompanhá-las” e não: “Posso acompanhá-las?”. É muita confiança, fala sério.
- Não precisa. Vamos fazer um programa feminino, não é, garotas?
- Ah... Mas ele pode ir, se quiser - falou Anaju meio enfeitiçada por Rafael. E
quem é que não ficaria? Até uma garotinha de 8 anos.
- Obrigado pelo convite, lindinha - agradeceu, charmoso. - Porque, se dependessedessa princesa aqui, eu ficaria sozinho, sem nada para fazer.
Encarei-o com fúria. Princesa era a vovozinha..
- Você não tem que trabalhar? Na empresa júnior... - questionei. Sim, pois de acordo com as periguetes que apareceram na casa dele, Rafael já tinha perdido tempo demais.
Ele levantou o punho da jaqueta de couro, preta e checou o
horário no relógio de atleta. Sei disso porque esse tipo de relógio é... bom... Ah, sei dissoporque sei.
- Trabalhei o suficiente por hoje. Mereço uma tarde relaxante. Concordam, meninas?
- Siiiiim!
Ai, Senhor. Vencida por duas pirralhas que passaram o dia comigo e deveriam estar domeu lado. O que um homem bonito faz com o cérebro das mulheres? Congela?
- O que vocês acham de a gente pescar? - sugeriu Rafael, todo empolgado. - Conheçoum lugar superlegal.
- Como assim, pescar? - guinchei, de um jeito nada atraente.
- Bom, a gente usa vara, anzol e isca e joga na água. - Rafa cruzou os braços no peitoe plantou no rosto uma expressão bem safada. - Se o peixe for fisgado, significa que a gentepescou. Entendeu agora?
Ele estava zoando com minha cara. Que sujeitinho mais irritante! Ou ele se achava muitoengraçado, ou sabia que me afetava. Senti o sangue subir para minha face, rompendo o restante
de autocontrole que eu ainda possuía.
- Nossa! Essa piada foi hilária. Viu como eu ri? - ironizei. - Agora, vamos, meninas,senão fica tarde.
- Eduarda, eu estou falando sério. Quero levá-las para pescar. O lago da Reserva Natural é um lugar excelente para pescaria. Qual é o problema?
Pus as mãos da cintura e empinei o nariz.
- O problema, Rafael, é que não
não temos o equipamento adequado para essa atividade.
Ele não se deixou vencer. Percebi que meu poder de persuasão ia de mal
a pior.
Então, ele andou até parar bem perto de mim e falou:
- no pesque-pague tem um depósito cheio de apetrechos de pescaria. Podemos até escolher. E agora?
Mais algum empecilho?
A derrotada na discussão acabou sendo eu. O que mais eu poderia alegar? Não,
Rafael, não vamos com você porque quase morro quando estamos juntos. Ou então eu poderia dizer também: É melhor não sairmos juntos mais porque eu mal consigo respirar perto de você.


