terça-feira, 26 de junho de 2018

Capítulo 7

Olhei no Relógio, ia da 7h. coloquei o celular no silencioso e fui dormir. E como dormi. Acordei eram 18h.

Nossa!
Hibernei.

Olhei o celular e tinha inumeras mensagens e ligações de diversas pessoas, uma delas era minha mae. Liguei pra ela, conversamos um pouco e desligamos. Respondi todas as mensagens nos WhatsApp, dei uma olhadinha no instagram e depois levantei. Fui ver o que tinha pra comer pois estava morrendo de fome.

Quando abri a porta do quarto, notei que a do Rafael estava aberta e a janela fechada. Fui na cozinha e olhei pra sala. Lá estava ele, assistindo novamente.

- bom dia - falou irônico e eu respondi um "boa noite" sem muita emoção. Bebi agua e olhei pra ele de canto de olho. Estava mexendo no celular e com uma bolsa de gelo diferente no pé.
- ainda não melhorou? - falei me aproximando dele. Notei que estava super inchado e ROXO. Muito roxo - cara, isso ta muito feio - falei aproximando do seu pé - você tem que ir no médico - olhei pra ele que deu de ombros
- não precisa, com gelo ele melhora
- você ta colocando gelo desde quando se machucou, melhorou? - falei não esperando resposta - vamos num hospital
- não... - o interrompi
- não foi uma pergunta, Rafael. Vou tomar um banho rápido. Separa seus documentos - ele me olhou - esteja pronto em 10 minutos.
Fui pro quarto, fiz minhas higienes, coloquei uma calca jeans e uma blusa de manga comprida ja que estava fazendo frio.




 Peguei minha bolsa, coloquei meus documentos, barras de cereais. Calcei uma sapatilha e saí do quarto. O Rafael estava sentado na cama dele com cara de dor. Ele vestia um casaco e uma bermuda.



- o que foi? - falei me aproximando da porta - quer ajuda?
- sim - disse fechando os olhos - pega meus documentos ali na segunda gaveta do armário, por favor
- tá - caminhei até no armário e abri a segunda gaveta. Tinha uns Papéis, fotos e envelopes la dentro. Passei o olho pelas fotos e vi que tinha uma em que estava ele, uma mulher e um homem que supus ser seus pais, sentados em um sofá. A foto parecia ser bem antiga.
- pega esse classificador transparente, por favor. - falou. Eu peguei e entreguei a ele.
- ta tudo aí? - perguntei
- sim. - peguei e guardei na minha bolsa
- então OK. Vou chamar o uber. - falei pegando o celular. - consegue andar?
- sim. - impressão minha ou ele ta economizando nas palavras?
- vamos pra sala, entao - falei e aguardei ele levantar. Levantar ele levantou, agora andar... - espera, eu te ajudo. Se apóia em mim - passei seu braço pelo meu pescoço e fomos devagar até a sala. Ele não conseguia encostar o pé machucado no chão, cada vez que tocava, gemia de dor. Tive pena.
Aguardamos o uber chegar sentados no sofá.

- o que aconteceu? - perguntei
- futsal
- isso eu sei - bufei - mas como
se machucou? Sozinho ou uma falta dura?
- um cara do outro time entrou com tudo... Coisas de bola - deu de ombros
- ele estava com muita raiva, pq
.. - olhei no celular e o uber estava próximo. - vamos, ele ta chegando - chamei o elevador, ajudei ele e descemos.


(...)


Chegamos no hospital particular em Uberlândia que aceita o plano de saúde dele. 

- senta aqui que vou pedir informação. - falei ajudando ele a sentar na sala de espera. Caminhei até o balcão de recepção e conversei com a recepcionista.
- aguarda um momento que vou verificar com o médico ortopedista disponível. - disse a recepcionista pegando o telefone.
- OK. - respondi e olhei pro Rafael que mexia na cabeça de um menino que aparentava ter uns 5 anos e estava ao lado dele. Sorri. Ele me olhou e eu caí em mim. Fiz um sinal de "pera" e ele piscou.

Ao meu lado, chegou uma mulher gritando desesperadamente por um médico para atender um amigo que estava desacordado. O recepcionista que a atendeu tentou acalmá- la e pediu para que preenchesse a ficha do rapaz que estava com ela

- você é familiar, parente, namorada? - perguntou o recepcionista
- sou amiga. A familia dele não mora aqui. - respondeu ela
- desculpa senhora, mas a senhora não pode preencher a ficha.
- mas se eu não preencher, ele não recebe o atendimento?
- apenas os primeiros socorros... Mas precisa de algum responsável para ele se manter aqui caso não acorde.
Meu Deus, que Absurdo!
Falei comigo mesma.
- tem! - falou a recepcionista tirando minha atenção do caso ao lado - só vou pedir pra que você preencha a ficha dele.
- tudo bem.
- o que você é dele? Familiar, parente... - perguntou ela. Não pensei nem duas vezes e respondi.
- namorada! - disse. Ela me olhou assutada com minha pressa.
- OK. Documento de identificacao original com foto, por favor. - falou e eu entreguei minha carteira de identidade -
- ta com os documentos do paciente? - perguntou e eu assenti - preenche esses campo aqui, por favor - falou apontando onde era pra ser preenchido no papel
Peguei os documentos do Rafael e preenchi. 
- sabe me dizer se vai demorar muito? - perguntei lhe entregando os papéis
- uns 10 minutos. Toma aqui a senha. - peguei, 409.
- OK. - olhei pro Rafael que agora estava com a cabeça encostada na parede por trás da cadeira em que estava sentado. Caminhei até ele.
- como você ta? - perguntei sentando na cadeira vazia ao seu lado.
- bem... - falou baixo
- ta doendo muito né ? - perguntei fazendo uma careta.
- muito - manteve o tom. Suspirei
- vai da tudo certo - dei uma apertadinha na sua perna. Ele sorriu sem mostrar os dentes. Nossa, deve ta doendo pra caramba. Dei uma olhada no seu pé novamente e continuava feio, inchado e roxo.
- o que eles falaram? - perguntou virando a cabeça para mim
- daqui a 10 minutos você será atendido por um médico ortopedista.
- obrigado


(...)


Rafael Oliveira Carvalho
Senha: 409
Sala: 10

Aparece no telão.

- é você, vamos - levantei e o ajudei a levantar. Caminhamos devagar até chegar ao consultório 10, Dr. Patrick. Chegando lá o médico ja estava na porta a nossa espera.

- oi oi - falou - parece que alguém aqui se machucou... - deita aqui - me ajudou a colocar o Rafael na maca - pode ir contando o que aconteceu..

Rafael foi falando como se machucou a medida em que o Dr. Patrick ia examinando ele. A cada toque no pé, o Rafael gritava, gemia e meu coração apertava.
Se tem uma área profissional que eu não me encaixo é a de saúde. Não consigo estourar espinhas dos outros com medo de doer, piorou o resto.

- aqui dói? - perguntou o Dr Patrick colocando a mão no Tornozelo do Rafael. Ele gemeu. - Acho que isso já respondeu.

Dr Patrick caminhou até sua mesa e anotou em uns papeis.

- e aí, doutor... - falei tirando as unhas que tanto roía da boca
- vou pedir uma radiografia.
- mas já pode nos adiantar alguma coisa? Foi muito grave?
- preciso ver como está o estado do osso, e isso só será possível depois da radiografia, infelizmente, terão que aguardar um pouco mais - falou e eu suspirei
- ele ta com muita dor... - falei calmamente
- eu sei.. Por isso vou colocar como urgente e acompanhar vocês até a ala onde tem o consultório de radiografia
- não tem como conseguir uma cadeira de rodas pra ele? Ele não ta conseguindo nem ficar em pé - falei e o Dr Patrick deu uma risadinha.

- acertou na namorada hein meu jovem? - disse pro Rafael num tom brincalhão. 
Rafael me olhou ainda com uma careta de dor e sem entender. Apenas assenti disfarçadamente - pode deixar que darei um jeito - se levantou - aguardem aqui.
Rafael sentou na maca e assim que viu o dr Patrick sumir de nossas vistas falou
- que historia é essa?
- precisei falar isso para poder preencher sua ficha - falei olhando pro pé dele. Roxo e feio.
- para de olhar!
- ta feio!
- eu sei!
- chama a atenção! pelo menos a minha
- to preocupado - falou. "Eu também", pensei
- com o quê? - mas que pergunta, Eduarda
- de ter sido grave de mais, de precisar operar...
- calma, vai da tudo certo. - falei me aproximando dele - Que cara FDP esse que te machucou hein?! Pqp - falei olhando pro seu pé e pela primeira vez na noite, ele sorriu largo mesmo em meio a dor.
Seus olhos castanhos quase verdes brilhavam enquanto sorria. Isso me faz sentir estranha e leve, como se eu fosse feita de penas e pudesse sair flutuando a qualquer momento.
- to até com medo de dizer quem foi, daqui a pouco você vai lá espancar o cara
- quem foi? Eu conheço?
- não, quer dizer, acho que não...
- quem foi?
- quando sair daqui eu falo
- af, só pq sou curiosa
- se controle, gatinha - falou e apertou meu nariz. Eu fiz cara de tédio pra ele, mas sorrindo bobo por dentro.
Besta.


(...)


Tiramos o raio X do pé do Rafael e sim, foi muito grave e vai precisar de operação. Nem preciso falar o quanto ele ta nervoso né?
Já são 23h e a cirurgia está marcada pra amanhã logo cedo. 6h.
Foi pedido para que eu fosse em casa buscar roupas e produtos de higiene pessoal para ele e depois retornasse ao hospital para passar a noite com ele. E assim eu fiz. 

Avisei ao Gustavo e pedi pra que ele não contasse pra mais ninguém, a pedido do Rafael e eu concordei plenamente. Assim ele fez. 

Cheguei no hospital 00h e o Rafael ja tinha tomado banho, cafe e ja estava com a roupa do hospital

- oie - falei entrando no quarto
- oi - sorriu de canto e sentou na cama.
- como está se sentindo? - falei me aproximando dele.
- a dor passou mais, por conta dos medicamentos.. - disse olhando pro pé - mas continua inchado
- ah, que bom! Olha, trouxe essa roupa pra você... Não sabia direito qual pegar, daí vi essa logo na frente do guarda-roupa e arrastei pra cá. Hum... Cuecas, escova de dente, pasta de dente, desodorante e perfume - falei tirando da mochila e guardando novamente. Coloquei a mochila no canto. Ele apenas me olhava com as sobrancelhas arqueadas - que foi?
- nem parece que queria me matar mais cedo - falou. Pqp, pra quê voce foi me lembrar disso? 

A situação dele estava tao crítica que eu não consegui sentir a mesma raiva que senti quando o vi junto com a vaca da Adriana. Fiquei calada e peguei o controle da TV. Liguei e sentei na poltrona que tinha próximo a cama dele. Ele só me observava.

- Duda... Eu não fiz nada. É sério! - falou calmamente
- já falei que não precisa falar mais nada sobre isso. - respondi sem olhar pra ele. 

Estava passando o programa do Fábio Porchat.

Uma enfermeira entrou.

- Boa noite - falou e respondemos - como está se sentindo? - perguntou pro Rafael
- a dor melhorou - respondeu ele - mas to me sentindo enjoado
- é normal, por conta do remedio... vim aplicar sua ultima dose - falou pegando uma seringa. Ele continuou sentado. Ela aplicou o remédio em menos de 5 segundos e eu fiz questão de não olhar. Tenho pavor a agulhas. Rafael pareceu não se importar - prontinho. Que Deus abençoe sua cirurgia. 
- pode falar um pouco dela? - perguntou
- ah, é simples e rápida. E você será operado pelo melhor cirurgião ortopédico de todo o hospital... Pode ficar tranquilo. O mais chatinho é a recuperação pq aí ja depende do paciente. Tem que fazer os exercícios com freqüência, fisioterapia... Quanto mais empenho, mais rápida será a recuperação - respondeu e vi que nada daquilo deixou ele mais calmo. - agora você precisa descansar. Uma boa noite de sono é imprescindível! - falou dando um tapinha amistoso no seu ombro
- obrigado. - agradeceu e eu também. - ei, mais alguem volta aqui hoje? 
- nao, eu fui a ultima. Como seu caso nao é muito agravante e voce precisa relaxar, nao tem necessidade de ficar vindo toda hora um.enfermeiro ver o seu estado. Voce ja ta muito bem acompanhado - falou olhando pra mim e sorrindo. Senti meu rosto arder de vergonha. Ela saiu logo em seguida
- voce não quer avisar a alguem da sua família? Ou prefere amanhã
- não - respondeu rapidamente. Olhei pro seu rosto. - prefiro hora nenhuma
- algum parente próximo... Só pra manter informado
- não tenho nenhum, deixa isso pra lá.

Falou sério e eu me calei.

Ele se deitou. Ficamos num silêncio insuportável por uns 15 minutos.

- obrigado poe tudo que você ta fazendo por mim - falou e eu olhei pra ele. Ele olhou em seguida pra mim
-  que isso, não to fazendo nada...
- ta sim. Fazendo muito!
- disponha 

Dei de ombros.
Comecei a sentir sono e frio. Muito frio. A camisa não estava dando conta do frio que saía acondicionado. Comecei a esfregar as maos uma na outra e colocá-las entre as pernas.

- frio? - perguntou Rafael. Assenti - vê se o controle não está aí por perto 

Levantei e fui procurar pelo quarto. Como não era muito grande, não demorei muito pra me dar conta de que não estava lá. Ao lado da cama do Rafael tinha uma mesinha com garrafa e copo para beber água. Lá também tinha um.panfleto que indicava algumas normas do hospital. Nela continha a refrigeração. Era padrão por conta das bactérias.

- quer meu casaco? Ta ali na mochila - falou e eu aceitei. Estava congelando. Peguei e joguei por cima de mim Na forma contrária a padrão. Na mesma hora o perfume maravilhoso do Rafael exalou. 
Coloquei meus braços na parte em que fica e me abracei.

- ai, melhorou. - falei e ele riu com o nariz - ta.com.sono?
- não... 
- você tem que dormir, descansar, relaxar... Se não vai pra mesa de operação cheio de olheiras, que nem um panda.
- mais do que ja tenho? - riu - impossível
- ah... Mas sua olheiras não são feias
- hãn? Chama a enfermeira ali, acho que ela esqueceu de te dar um remédio - falou e eu RI revirando os olhos.
- besta. Digamos que ela é um charme. Não gosto quando você passa corretivo
- você repara ? Bom saber!
- claro, fica com cara de gay - falei e segurei o riso
- só f*de hein- falou e eu gargalhei - e aquilo não é maquiagem. É um creme pra clarear. Nem gosto de usar aquela merda, é gordurosa.
- e pq usa entao?
- tava tendo resultado, mas tem que usar frequentemente. Não sou muito disciplinado pra isso.
- hum, sei. Olha, esse filme é bom - falei olhando pra TV. Estava apresentando o filme "Hush, a morte ouve"
- ah, ja assisti. É top
- não curto muito filme assim. Me da mais medo do que de terror. Mas gostei desse pq não assisti sozinha
- ele é Agonizante
- éee, nossa. Fica parecendo que você também não escuta. É uma sensação estranha. Tipo aquele perigo em alto mar, terror, sei lá... Sei que é alguma coisa em alto mar
- o que esquecem de acionar a escada da lancha? 
- siiiimm. esse mesmo!
- pânico em alto mar
- tive pesadelos com aquele filme, nossa - ele riu - prefiro minhas séries
- deve ter um péssimo gosto - riu
- ah pára, você assiste game Of thrones e ainda vem falar que tenho péssimo gosto pra séries?
- o quê? - falou se sentando - você é louca. Retire agora o que disse! - fiz cara de desdém - GOT é top! Melhor série. Reveja seus conceitos - deitou novamente
- horrível! Só faltou me dizer que também assiste The W...
- Walking Dead. Claro. - revirei os olhos - ah Eduarda, então você não passa de  rostinho bonito
- como se atreve?! -dei um tapa no seu braço
- aiiii meu pé
- desculpa!!!! - pausei - pera, bati no seu braço - ele gargalhou
- que idiota!!! Me senti culpada - falei cruzando os braços
- é muito boba... - se recompôs 
- vai pra merda
- ui, ficou Bravinha ela. Ta bom, parei
- acho bom! Vai assistir PLL, Once Upon a Time, La casa de papel, prison break
- prison break é F*da. Quer dizer, Michael Scofield é, meu ídolo
- por isso escolheu cívil né, hummm... Mas sim, eu comecei a assistir pq achava ele um gato. depois me apaixonei ainda mais. É gostoso de mais gente
- me poupe né
- nossa, aquele olhar, inteligente, aquele boquinha... 
- ta Eduarda. 
- ja sonhei varias vezes com ele, maravilhoso
- vou no banheiro e ja volto - levantou com menos dificuldade do que mais cedo e eu RI. Ele pegou a muleta e seguiu
- pára. Deita aí. - levantei também
- mas eu vou no banheiro
- quer ajuda?
- vai segurar pra mim? - falou maciosamente. Eu arregalei os olhos - brincadeira. - riu - precisava filmar sua cara - seguiu pro banheiro. Idiota. Falou que nem o pervertido do Nathan.

Peguei o celular e olhei o WhatsApp. Respondi umas mensagens do Gustavo e saí. Fui no instagram olhar a vida dos outros e o Rafael chegou que nem prestei atenção.

- oi? - falei
- hã? - falou ele
- falou comigo? - perguntei
- não, ta ficando doida - se deitou
- ta com sono?
- um pouco - ufa, pelo menos ja está mais relaxado - e você 
- estou..
- então vou te deixar dormir 
- esquenta não. Quanto menos eu dormir, melhor
- UE, pq?
- passo menos tempo nessa poltrona nada confortável. Pqp, é um hospital particular!
- mas a maioria dos pacientes vem de plano de saúde.
- mesmo assim, não deixa de ser particular. Pelo menos uma poltrona pra acompanhante digna né
- quer deitar aqui comigo?
- não né
- pq?
- não pode, Rafael, ta doido?
- mas não vai chegar mais ninguém. Dá pra nós dois aqui, apertado mas dá
- possui magoar seu pé
- voce não tem mau dormir...
- como você sabe?
- ja dormi com você, esqueceu? - riu e eu fiquei sem jeito - vem, deita aqui.
- acho melhor não...
- não vou te agarrar Eduarda. Melhor do que você ir parar na mesa de operação também
- ai credo! Ta repreendido em nome do Senhor Jesus - falei levantando e ele riu
- vem boba. Tira meu casaco, eu te esquento - falou seduzente
- vai se ferrar - ri - chega pra lá - falei dando um empurrãozinho nele - ah, deixa eu pegar o controle pra desligar a TV.

Fui até onde eu estava, peguei o controle.

- ja pode desligar. Vou tentar dormir também - falou e eu desliguei e apagamos a luz. Deitei ao seu lado
- isso não vai dar certo. Não cabe nós dois.
- claro que cabe. Chega mais pra cá - cheguei mais próximo dele - encosta po, ta com medo
- claro que não né, to com medo de tocar seu pé
- meu pé ta aq do outro lado, ja falei pra ficar tranquila.
- taaa - me cobri - nossa, que quentinho. Eu ali congelando e você no bem bom.
- quer minha dor também?
- não, obrigada, só a parte boa ja está de bom tamanho - RI.
- ta. agora para de falar, tagarela
- eu hein, nem falo assim
- aham, não fala pouco - coloquei minha cabeça no seu braço - amanhacerei com o braço dormente, mais uma vez
- ai, cala a boca Rafael. Não durmo com travesseiro baixo
- ah, é por isso? Achei que gostava de sentir o cheiro do meu desodorante - ri
- mas é muito idiota, meu Pai do céu. - ele me abraçou apertado e passei o meu braço por cima do seu peito. Uma das sete maravilhas do mundo: inspirar seu perfume, com seu corpo a milímetros de distancia do meu.
- ainda ta com frio? - sussurrou
- não - falei no mesmo tom. Instintivamente, comecei a fazer carinho no seu rosto com minha mao que estava sobre o seu peito - Rafa? 
- hum - respondeu
- me promete uma coisa?
- o quê? - levantei um pouquinho a cabeça para poder olhar pra ele. 
- para de brigar comigo? - falei e ele riu
- para de me provocar então
- eu não te provoco. Você que me provoca
- é que você se irrita tao fácil... Mas não, não vou parar de te provocar. Todas as nossas brigas acaba com nós dois dormindo juntos
- mas primeiro foi na minha cama, agora num hospital, tenho medo da próxima. - ele riu
- e vai ter próxima é? Hummm - me deu uma apertadinha
- não, não vai ter próxima - falei rindo e mordendo ele logo em seguida. Senti que ele se arrepiou
- não faz isso Eduarda .. - sussurou e eu estremeci. Não consigo me controlae quando ele me chama pelo nome, piorou sussurrando com seu corpo colado ao meu
- boa noite!
- não mereço nem um beijinho? - levantei a cabeça e beijei seu pescoço
- pqp, para de me provocar garota.
- sua bochecha estava longe - falei inocentemente... Fingindo, é claro - vamos dormir né?!
- acho bom.


(...)








terça-feira, 19 de junho de 2018

Capítulo 6



Eduarda on

Acordei no dia seguinte com o Rafael tentando sair da cama sem me acordar. Missão impossível pois estávamos tao grudados, parecendo que passaram cola super.
Ainda estava muito frio.
- desculpa! Não queria te acordar - falou baixo e desistindo de levantar
- ta tudo bem - falei ainda de olhos fechados e sorrindo sem mostrar os dentes - pra onde você vai?
- ia pro meu quarto. - disse - você não tem aula?
- só 9h, fica aqui mais um pouquinho- falei e o abracei colocando minha perna direita sobre ele. Ele demorou um pouco até retribuir o abraço
- huum... Voce ta tao quentinha - falou e me "apertou" . Não precisava olhar pra cara dele pra perceber que estava sorrindo bobo, assim como eu. Não sei o que aconteceu, mas parece que toda a imagem que eu tinha dele desapareceu junto com a tempestade. Também não sei o que estava sentindo, só sei que é muito bom
- obrigada por ficar aqui comigo - sussurrei. Ele não respondeu, apenas me apertou para mais perto de si.
Ficamos assim até meu celular despertar. Pqp, pq o tempo não para em momentos assim?
- acho q ta na hora de me arrumar - falei
- não. fica aqui, ta bom assim - falou e eu olhei pra ele. Estava com os olhinhos fechados e sorrindo.
- eu ate queria ficar o dia todo aqui, mas tenho aula de química tecnológica agora... A professora inventou um seminário em grupo. - revirei os olhos
- que mania você tem em revirar os olhos - falou e eu ri- pqp, odeio quando estou querendo te irritar e você faz isso ao invés de revidar
- ahhh é? Bom saber...
- vai usar contra mim?  - assenti - mas pretendo não brigar mais contigo... A não ser que toda vez que brigarmos, terminarmos assim, agarradinhos na cama - falou e eu dei um tapinha descontraído no seu peito - que foi? - falou rindo
- muito safado pro meu gosto - falei levantando passando por cima dele. Senti seus olhos me seguirem enquanto eu ia caminhando ate o guarda-roupa - perdeu alguma coisa aqui? - disse olhando pra ele
- nem vem bancar a valentona - disse levantando - você é um nenê - veio ao meu encontro e me deu um beijo na testa - vou deixar você se arrumar. Corvadia ficar te olhando de babydool
- haha, vai mesmo, não preciso mais de você - dei de ombros
- Previsão pra tempestade essa noite, passou na rádio
- Rafa amor... - rimos
- falsa - riu - leva a chave - falou e saiu do quarto fechando a porta. Me arrumei e fui pra aula.
Tentei me concentrar ao máximo na aula, mas a única coisa que conseguia entender de química era a minha com o Rafael.
Estava tao viajadona e sorrindo a toa que até a Geo percebeu
- da pra parar de fazer essa cara? A professora e a sala inteira ta percebendo - sussurrou pra mim
- oi? - virei pra ela
- depois quero saber o motivo dessa cara de boba - falou e voltou a prestar atenção na aula.
Nossa, será que ta tao na cara assim?
Melhore, Eduarda.
Foco.
Foco.
Foco.
Ahh, Rafael...
Suspirei.
Agora é sério, Eduarda. Foco total.
E foi assim durante  toda a aula.
Faltando 15 minutos para acabar a aula, percebo que a Adriana vai embora. Nem liguei, é bom q a sala fica mais silenciosa.
Recebo mensagem do João me chamando para ir com ele a um aniversário de um colega em.uma chácara próxima. Recusei, até pq meus planos era ficar em casa com o Rafael
...
Ele insistiu e disse para eu dar a resposta a ele mais tarde. Respondi um OK e voltei a focar na aula.
Faltando 5 minutos, reunimos o grupo q era composto por mim, André, Geórgia, Carol e Eric, fizemos uma reuniaozinha para ver quando e onde iriamos estudar e ensaiar para o seminário. Terminou a reunião eu fui correndo pra casa fugida da Georgia e claro, louca pra encontrar o Rafael.
(...)
Rafael on
Estava perto das 12h e resolvi fazer um almoço pra mim e pra Duda.
Duda, nossa... Nunca me imaginei chamando ela assim. Tinha repulsa por ela. A achava tao irritante, metida, mal educada, mimada... Me enganei totalmente.
Estava apenas de short esportivo quando ouço o interfone tocar.
Ue, Eduarda chegou mais cedo? Pensei
- quem é?
- Adriana, sou da turma da Eduarda
- ah, ela ainda não chegou
- eu  sei, mas vim falar com ela sobre o seminário de química, posso aguardar aí em cima? - realmente, a Eduarda comentou algo de tipo comigo, não vi problemas em deixar a Garota subir.
Só me arrependi quando abri a porta e vi quem era a tal Adriana. Pqp.
Essa garota deu em cima de mim desde a primeira vez que me viu no bar do Geraldo. Depois que virei monitor, só piorou.
Percebi que ela me secou com seu olhar, daí caiu a ficha de que estava sem camisa.
- entra, vou pôr uma camisa - falei dando passagem pra ela que fez questão de se esfregar em mim.
- não precisa, ta quente hoje, não é? - falou abrindo alguns botões da sua camisa mostrando parte dos seus seios e sutiã preto. Isso não vai prestar. - huum, cheirinho bom... posso dizer que a Eduarda tem um Rodrigo Hilbert em casa? - falou semi-cerrando os olhos e caindo na gargalhada logo em seguida. Rindo do meu desconforto, só pode - relaxa gato, eu não mordo - falou se aproximando - so se você pedir - fez uma voz que confesso, me arrepiou
- acho melhor você sentar e esperar a Eduarda... - falei me afastando
- só se você me ajudar a passar o tempo - passou sua unha pelo meu tórax - imagina tudo o que podemos fazer nesse sofá, hein...
- Adriana...
- shiu - colocou o dedo na minha boca - fica quietinho e pode deixar comigo
Pqp, ela ja ta perto demais e eu estou parecendo uma estátua, reage Rafael, reage...
Quando pensei em fazer algo, vejo a porta abrir e ... Tcharan... Eduarda! UFA!
Acho que eu não deveria ficar aliviado depois da cara que ela fez.
(...)
Eduarda on
Quando chego em casa dou de cara com a Adriana agarrada com o Rafael. Minha animação foi por água a baixo.
Suspirei para manter a tranquilidade aparente e Fechei a porta.
- vão pro quarto, pelo amor - falei revirando os olhos
- Duda, não é nada disso que você está pensando, a gente só tava...- falou Rafael E eu o interrompi
- me poupe dos detalhes - falei passando por eles
- só vim pedir uma ajudinha em cálculo 1 - disse Adriana com sua voz de biscate irritante. Rafael olhou pra ela confuso
- perai, você não falou que veio falar com a Eduarda sobre um seminário? - falou pra ela. Olhamos para Adriana aguardando a resposta dela. Estava mais do que na cara as intenções daquela vagabinha.
- como assim? - falei - nem somos da mesma equipe
- não? - falou Rafael - eu não to entendendo mais nada...  - colocou uma das maos na cabeça
- pede pra ela te explicar, pq eu ja entendendo tudo e estou indo procurar o que fazer.. - falei indo pro quarto
- Duda, espera - .disse Rafael - deixa eu explicar - segurou meu braço quando cheguei na porta do meu quarto saindo das vistas da Adriana
- me solta - falei puxando meu braço e fuzilando ele com o olhar e inspirando logo em seguida - olha, não precisa me explicar nada! - falei fingindo tranquilidade - nada, nada, nada. Não me deve explicações, até pq não temos nada, não somo nada. - falei erguendo as mãos - só tenta lembrar que eu to em casa e não faz mt barulho, vou estudar. Licença. - Fechei a porta.
Arggggggggg! Que ódio!
Que raiva dele, dela, de mim por se importar e acreditar que ele poderia ser diferente! Que droga!
Como foi se distrair assim, Eduarda?? Você está aqui pra estudar! Nada pode tirar seu foco. Lembra do esforço da sua família para que você pudesse chegar até onde você tá! Pelo amor.
Ouvi a porta da sala fechar e em seguida batidas na minha porta.
- Eduarda, abre, por favor... - disse Rafael
- estou ocupada - falei tirando a camisa
- não estávamos fazendo nada - talvez se eu chegasse minutos mais tarde, estariam encaixados no sofá , pensei, ela ja estava quase nua! Me poupe Rafael - eu nunca trouxe mulher nenhuma pra cá antes, piorou agora com você... Abre a porta, vamos conversar
Que piada!
Ele quer mesmo que eu acredite nisso? Mais uma vez, me poupe Rafael!
- ja disse que estou ocupada - falei tirando a sapatilha e em seguida a calça
Não houve mais batidas. Graças. Peguei o celular e respondi pro João que eu iria ao aniversário. Marcamos o horário em que ele iria me buscar e fim.
Fui tomar banho.
Vesti um short e uma camisa de manga comprida devido ao frio que estava sentindo.
Saí do quarto e fui almoçar opouco do estrogonofe que havia sobrado. Sentei na mesa e...
Eis que surge Rafael.
- pode conversar agora? - falou se aproximando
- ja falei q não temos nada pra conversar - disse sem olhar pra ele, apenas dando uma garfada na comida
- cara, aquela mina é louca - fiquei em silêncio - acredita em mim, por favor
- Rafael, na boa. Isso ta me cansando! Eu não tenho o pq acreditar ou desacreditar de você. Apenas divido o AP com você, não sou sua mae, sua dona, nada sua. Para com isso - falei mas pensando totalmente o contrário. Ele não falou mais nada
- não sei pq ainda me importo - falou rindo incrédulo - você ta certa. - não, eu não estou. Pensei
Ele não falou mais nada, entrou no quarto e fechou a porta. Fechei os olhos e suspirei profundamente.
Cinco minutos depois ele saí com a camisa na mao e uma mochila fina. Nao falou mais nada comigo.
- você vai sair? - perguntei. Ele parou na porta
- acho que não devo satisfações...
- só quero saber por conta da chave, ignorante - boa desculpa, Duda... Pq ele ta me tratando assim? Quem deveria estar brava com ele era eu, apenas
- se for sair, deixa embaixo do tapete - falou e saiu
Terminei de almoçar, lavei meu prato e fui estudar.
(...)
21h Rafael toca a campainha. Abro e ele entra meio que mancando com o par de chuteiras na mão. Me olha ja que estou toda arrumada pra festa
- ta tudo bem aí? - falei olha do pro seu pé. Estava avermelhado.
- machuquei no futsal, mas ta tranquilo - desviou o olhar de mim e foi direto pro quarto. Fiz o mesmo e tranquei a porta. Ouvi o barulho do chuveiro, deve estar tomando banho. Saí e comi um pão com um pouco de suco. Rafael saiu do banheiro apenas de toalha e foi direto pro quarto. Terminei de comer, lavei o que sujei e fui pro quarto terminar de me arrumar. Quando deu dez pras 22h o João me manda uma mensagem avisando que ja chegou la embaixo. Saio do quarto e o Rafael esta na sala com uma bolsa de gelo no pé.
Ele não fala nada, apenas me segue com o olhar.
- posso levar a chave? - pergunto, ele apenas assente. Abro a porta e saio fechando-a logo em seguida.



Desci e o João ja estava na frente do prédio me esperando dentro do carro. Quando me viu abaixou o vidro.
- Nossa, que isso hein... - falou e eu RI. Dei a volta e entrei no carro - sabia que ia mudar de ideia
- preciso sair! - falei - espairecer, ocupar a mente com coisa voa e desocupar com pessoas insignificantes - suspirei
- eita, o que houve?
- nada, mas e aí, essa chácara é muito longe?
- uns 30 minutos
- orran
- ah para, longe é da Bahia pra cá
- realmente - rimos
Chegamos na chácara, o João estacionou o carro na frente e entramos.
- Nem sonhe em me deixar sozinha hein - falei
- claro

Uns amigos dele assim que o viram, vieram nos cumprimentar e em seguida, nos levaram até uma mesa com uma mulher e dois rapazes. Ambos estudantes da UFU.
E mais uma vez, minha cidade e estado foram o centro das atenções.

- meta de vida: me formar, ficar rica e comprar uma casa na Bahia - disse a mulher. Carolina seu nome. É de uma cidade no interior do estado de Minas, mas ta morando em Uberlândia há 4 anos.
- muito lindo mesmo. - concordou um dos rapazes. Diego.

João viu que estava entretida converaando com o pessoal, levantou e saiu. Voltou em seguida com dois pratos de churrascos. Meus olhos brilharam. Sou megamente apaixonada.

O clima tava um friozinho gostoso e tocava um samba de leve. tinha cerca de 20 pessoas na chácara, grande parte, estudantes da UFU. A maioria veio me cumprimentar e desejar boas vindas à cidade. Agradeci simpaticamente.

Detalhe: não lembrei do Rafael. Quer dizer.. Só por um momento, quando a Carolina falou que começou a namorar o Fernando ( que também estava na mesa com a gente) depois que eles começaram a dividir o apartamento. Afastei ele da mente na mesma hora.

Ficamos comendo, bebendo, dançando... Sim, dancei, e dancei muitoooo quando colocaram Harmonia do Samba, Leo Santana e outros artistas baianos. Fizemos tipo um carnaval. Quando deu 5h da manhã o pessoal ja estavam beem cansados. Decidimos ir pra casa.

João deu uma carona pro Diego que é super legal e do estilo nerd. Amo isso.
Cheguei em casa pisando em ovos. Principalmente quando vi o Rafael dormindo no sofá da sala ainda com a bolsa de gelo no pé e a TV ligada, ele estava da mesma forma quando eu saí. a televisao estava na netflix com a série game Of thrones.

Olhei ele dormir serenamente. Nem parecia o galinha que estava se pegando com minha colega de turma piranha na sala de casa. Tava mais pro fofo que me acalmou durante a tempestade. Sorri de canto.

Ai Rafael, você é um porre!
Pensei. Suspirei. Deliguei a TV e fui pro quarto. Tomei um banho quente, coloquei uma blusa moletom, um shortinho fino e deitei pra dormir. 









quinta-feira, 7 de junho de 2018

Capítulo 5



No dia seguinte eu tive aula às 7:10 da manhã e uma apresentação surpresa em grupo , assunto: corrosão. Dessa apresentação, a melhor equipe teria que apresentar às 18h num evento que terá no auditório da faculdade para um dos diretores da unidade e alguns alunos de diversos cursos ofertados pela universidade. Alunos de 3 cursos irão fazer apresentações de determinado tema que tenha a ver com o seu curso. Minha equipe foi a Felizarda ( palavra utilizada pela professora, eu falaria "f*Dida" ) e eu seria a oradora, pois segundo a mal-comida da minha docente,eu tenho desenvoltura ao falar e dominei bem o assunto.
- mas professora, não temos tempo pra ensaiar! Podemos passar vergonha na frente de um dos diretores da UFU! Pelo amor de Deus, não faz isso com a gente... Não faz ISSO comigo - supliquei
- voces não vão passar vergonha. E você se saiu super bem. Ganharão algumas horas na carga horaria total
- mas...
- sem mais. - disse por fim - roupas sociais, por favor. Sejam pontuais, serão futuros profissionais. Modifiquem as fotos do slide e tirem mais uns textos. Coloquem o mínimo de texto possível. O suficiente para que possam lembrar do assunto durante a apresentação. A mesma, terá 10 minutos, nada a mais que isso, fui clara? - assentimos - ótimo  - falou e voltou com sua cara de carrancuda.

Xinguei ela de todos os nomes, mentalmente é claro. Como pode fazer isso com a gente? Comigo?
Sei que vou agradecer a ela la na frente, mas é muita responsabilidade ! Logo de cara assim!

Enfim, parei de lamentar pois isso não ia me levar a nada nem fazer ela mudar de ideia. Reuni o pessoal e fomos ensaiar e ajustar os slides na biblioteca. Saímos de lá 16h e eu fui cuidar da minha aparência.  Como não tinha nenhuma roupa social, fui à uma loja próxima com Geo e comprei um vestidinho social e sapato. Depois fui pra casa.

17h cheguei na faculdade e o pessoal da equipe também. Fizemos os últimos ajustes e nem preciso falar que estava super nervosa, né?
Quando faltava 30 minutos para iniciar a programação prevista, fomos para o auditório. La encontrei com a minha professora que fez comentários positivos a respeito do meu look. Segundo ela, ele era ousado, sexy, social e não era vulgar. Sobrou espaço até para um "estonteante". Agradeci e ela saiu.
O auditório ja estava cheio de pessoas vestidas socialmente.
Nossa equipe seria a segunda a se apresentar. a primeira: engenharia civil e a terceira: biotecnologia.

Ficamos sentados no fundo do auditório, de frente à entrada principal.
Avistei o Nathan e a seu lado vinha Rafael, num smoking impecável. Mais lindo, impossível. Primeiro, fiquei sem fôlego. Depois, senti meu coração dar cambalhotas no peito. Por fim, fiquei vermelha. Mas isso aconteceu quando os olhos de Rafael encontraram os meus, num instante de pura química. Desviei o olhar, desejando nunca ter visto Rafael na minha vida. Por que a existência dele tinha que mexer tanto com a minha? Não acreditava que estivesse apaixonada por ele. Não ainda. Mas havia alguma coisa, uma conexão, caso contrário eu não ficaria tão abalada cada vez que o visse. Ele seguiu seu caminho e sentou na frente, junto com o Nathan e uns outros colegas. Começou a apresentação.

Do curso de Eng. Civil, o Nathan que foi o orador. Ele se saiu muito bem, por sinal. Poderia até arriscar um 'perfeito'. Chegou a minha vez. Quando foi anunciado meu curso e o meu nome, tremi mais que tudo. Respirei fundo e subi no palco. Peguei o microfone e era notório o meu nervosismo. Neste mesmo momento, lembrei da conversa que tive com o Daniel, enquanto me arrumava para a apresentação. Ele me falou que quando estivesse nervosa, eu poderia fingir ser um personagem (um alter ego) e focar em alguém na platéia em que me passasse segurança (preferência, algum colega próximo pq se não ia ficar muito estranho fitar um desconhecido). Assim eu fiz. Passei os olhos pela platéia e o único olhar em que me passou total segurança era o que era lançado por um par de olhos castanhos esverdeados. Quando o encarei, recebi um sorriso lindo e encorajador. Inspirei e incorporei uma Eduarda diferente e assim iniciei minha apresentação.

A última garota, do curso de biotecnologia era ninguém mais ninguém menos que a Beth. Ou melhor Elizabeth. Juro que pelo nome, eu imaginava uma mulher com seus 40 anos, mesmo sabendo que ela era a quase-namorada  do Rafael. O que vi na minha frente foi totalmente o oposto. Vi uma garota que aparentava ter 22 anos, alta, magra, de cabelos ruivos compridos, olhos azuis e vestida por um vestido vermelho comprido exuberante. Parecia uma personagem da série nórdica Vikings junto com uma apresentadora do Oscar.
Senti uma pontada de inveja e ciúmes. Se eu tinha dúvidas do interesse de Rafael por mim, tudo que imaginava foi por água abaixo. Não passava de fruto da minha imaginação.
Elizabeth tinha a postura de uma princesa. Era bonita, inteligente. Entendido o pq Rafael se apaixonou. Só não entendi o pq não prosseguiu.

Passados os 10 minutos (tempo esse que nem vi passar), Elizabeth finalizou sua apresentação e o diretor proferiu algumas palavras para nós logo em seguida. Não me pergunte o que ele falou pq da forma q eu estava eu não lembraria nem o meu nome. Minha cabeça ainda estava no quase-casal Rafael e Elizabeth. 

Quando o evento foi finalizado, recebi mil e uns elogios de veteranos, funcionários e demais colaboradores da universidade. Minha equipe ganhou 60h extra e também receberam muitos elogios pelo trabalho. O pessoal estava aproveitando bastante. Eu também, mas para escapulir à francesa. Dei um perdido em todo mundo, até em Geórgia. Necessitava de solidão. Escapei até o jardim da faculdade e me esgueirei entre os canteiros de flores. Eu ainda não sabia o nome delas, mas estava apaixonada por todas. Uma coisa era certa: assim que voltasse para Bahia, teria meu próprio jardim na varanda de meu quarto. Baixei meus dedos até as pétalas e as acariciei. Um gesto quase automático, mas que me fez relaxar um pouco. E colocar a cabeça no lugar. Fazia frio do lado de fora do auditório. Senti meu corpo se arrepiar ao ser envolvido por uma brisa gelada. Estava na hora de entrar.
 - Por que está sozinha aqui?

 A brisa fez meu corpo tremer. Aquela voz injetou calor em minhas veias. Como eu poderia ignorar o dono dela? Mudei de posição para não olhar para ele. Não queria que ele lesse em meus olhos toda a minha agonia.
- Vim tomar um ar, respirar um pouco Estou cansada.
- Está frio e seu vestido é bem... pelado -Ele notou - Vista meu casaco.
- Não! - quase gritei - Quero dizer, não precisa. Já vou entrar.
Rafael fingiu que não me ouviu. Tirou o paletó do corpo e me envolveu com ele, sem minha permissão. Não sei o que mexeu mais comigo: 1, seu gesto, 2, o cheiro dele no casaco, ou 3, o breve encontro de seus dedos com minha pele.
- você está bem? - ele quis saber, procurando meus olhos.
- Só cansada, como já disse - suspirei, inalando ainda mais o aroma masculino que exalava de sua roupa. Rafael sorriu.
- Caso você não saiba, fiquei orgulhoso de ver você hoje. Não sei se aguentaria firme, como você fez. O cansaço agora é mais que natural. Principalmente psicológico.
 Para tudo! Rafael estava me elogiando! Ele percebeu meu espanto e continuou: - É sério. Esteve demais, Duda.
- Obrigada. Vindo de você, esse elogio tem uma conotação muito maior
- Como assim? - ele franziu a testa - Vindo de mim?
 - Ah, não se faça de bobo. Temos nossas diferenças, não é?
Ele ficou ainda mais sério
- Temos, é? Não sabia.
Pronto! Agora, aquela.  Como se nunca tivéssemos discutido nem nada.
- Rafael, por favor... Lembra quando a gente se conheceu? Lembra da cena no ap, das palavras que me disse? Que nao ia com a minha cara? Dos insultos na frente dos meninos? Garanto que não estou inventando
- São águas passadas, Eduarda. Eu não conhecia você direito - justificou-se e fez aquilo de novo, quero dizer, o que sempre fazia quando ficava desconfortável: passou a mão freneticamente pelos cabelos, bagunçando-os um pouco - Mas agora tudo mudou
- Mudou, é? Que bom! - Tentei parecer tranquila, indiferente. Mas meu peito palpitava. Que espécie de conversa estávamos tendo? Seria minha imaginação ou havia um clima de flerte no ar?
- Claro! - ele garantiu - Temos saído juntos e eu pude ver que você é uma mulher autêntica. Gosto do seu jeito, da sua maneira natural, dos seus ataques de sinceridade. Você é divertida e me faz rir.
Corei. Aquilo não era uma declaração de amor nem nada, mas servia. Rafael gostava de mim! Então, não era um avanço? Andei um pouco entre as flores, afastando-me dele para tomar fôlego. Eu havia acabado de ver todo tipo de qualidade da quase-namorada dele e um dos porquês todos gostavam dela. Me lembrei da forma com que o Gustavo me falou dela quando fomos almoçar juntos. Estava com minha autoconfiança abalada. A pseudo personagem já havia ido embora e eu Não tinha nada que ficar praticamente flertando com Rafael pelo jardim. Se eu fosse mais esperta daria no pé o quanto antes. Mas quem disse que eu era? Quis ficar para ver aonde tudo ia dar.

Meus pés latejavam dentro do sapato novo de salto dez. Precisei me sentar um pouco para dar conforto a eles. Ainda bem que o jardim era contornado por bancos. Senti uma corrente de vento frio, o que me fez aconchegar ainda mais no Casaco dele.
- obrigada pelas palavras, de coração. - sorri - olha Rafael, desde quando cheguei aqui, nao esta sendo facil - desabafei - adaptação, as pessoas, os desafios...
Rafael sentou-se ao meu lado, segurou minha mão e ficou massageando o dorso com o polegar. Minúsculos cristais de gelo acertaram minhas entranhas, fazendo-me ter um calafrio, uma onda súbita de prazer.
-Eu sei -ele disse, bem baixinho.

Apesar de parecer segura, minha voz saía meio entrecortada devido ao frenesi que os dedos de Rafael estavam provocando em meu corpo.

- muito difícil deixar tudo pra trás. Tudo mesmo! Minha familia, meus amigos o idiota do... - pausei

Olha só quem eu estava prestes a mencionar! Eu e minha língua solta. Rafael deduziu logo, pois arqueou uma sobrancelha, daquele jeito sexy que me matava, e sorriu meio de lado, elevando a covinha no canto da boca.

- Sei, o idiota do Tiago. De quase-namorado a idiota. Gostei da mudança de posto.

Fiquei muda. Eu que não ia falar sobre o Tiago justamente com Rafael. Preferiria ter chiclete colado em meu cabelo.
- Vai ficar calada?
- Totalmente. Sobre esse assunto eu me recuso a falar. - Fingi passar um zíper na boca.

Rafael subiu as carícias da mão para o pulso. Aquilo era tortura. Imagina se alguém resolvesse aparecer por ali. Entenderia tudo errado. Bom, eu mesma não estava entendendo muita coisa...

- mas Deus é tão generoso comigo que colocou pessoas maravilhosas no meu caminho. O Gustavo... Maravilhoso. A Geórgia nem se fala! Olha o que ela fez ccomigo - Levantei e contornei meu corpo com as mãos. Caso não tenha entendido, estava me referindo a meu visual elegante e fashion.

-Atesto para os devidos fins que as intervenções da Geórgia são de muita valia - brincou.
Os olhos dele adquiriram um brilho felino ao visualizarem minha aparência. Senti meu rosto arder. Eu estava me arriscando demais ficando sozinha com Rafael por tanto tempo naquele jardim.
- Você não contou o que pensa de mim -ele protestou, batendo com a palma da mão no banco, exigindo que eu voltasse a me sentar a seu lado - Babou no Gustavo, elogiou o povo todo da faculdade. Não sobrou nada para mim? - quanto drama.

 Eu poderia dar várias respostas. Ou nenhuma. Mas eu precisaria buscar a verdade lá no fundo de minha alma e estar de peito aberto para aceitar a realidade. Quem procura demais acaba encontrando e eu tinha receio de não gostar do que veria.
-Eu ainda não tenho uma definição específica a seu respeito - Resposta mais em cima do muro impossível. Rafael se sobressaltou.
- Sério? Nossa, estou me sentindo rejeitado.

Bem feito. Quem mandou ser tão volúvel? Ou bipolar, na pior das hipóteses.
- Sério, Rafael. Embora a gente esteja tendo uns momentos legais, como agora, por exemplo, ou quando a gente sai por aí e você me apresenta lugares lindos, há momentos em que você se retrai, fica de poucas palavras, vago, até rude. Ainda não consegui te desvendar direito.
- isso quer dizer que você está tentando? - arriscou ele - Tentando me desvendar? -Ah, não fique convencido! - Voltei a ficar de pé - E está na minha hora. Nosso bate-papo foi ótimo, mas tenho que ir.

 Não consegui ir muito longe. Rafael prendeu meu braço com seus dedos fortes e me fez ficar paradinha perto dele. Depois, esticou-se até ficar de pé, a dez centímetros de mim.

Eu sou alta. Para a maioria das mulheres no Brasil, ter 1,70 metro é um privilégio. Por sorte, Rafael deve ter uns bons 10 centímetros a mais, senão estaríamos cara a cara, com as bocas tão próximas que seria impossível não tentar beijá-lo.

 - É impressão minha ou você está tentando fugir de mim, Eduarda?- questionou Rafael, malicioso como ele só.
- é impressão minha ou você está tentando me confundir, Rafael?- devolvi a pergunta, mas não esperei a resposta.

 Soltei meu braço, retirei o paletó de meus ombros (mesmo sofrendo muito para tomar essa decisão, pois ele já estava se tornando parte de meu corpo) e tratei de fugir dali. Rafael era uma ameaça à minha saúde mental. (........................) No outro dia, tive aula durante a manhã inteira. Cheguei em casa morta de cansaço. Tomei banho, estudei um pouco de álgebra e funções, acabei dormindo por cima dos livros. 
Acordei 20h com barulhos vindo da sala. Estavam batendo parabéns pra alguém que não consegui escutar muito bem o nome. Tinha vozes de mulheres também. 
Levantei, arrumei os livros, tomei banho e comi um biscoito que tinha na minha mochila mas ele não matou minha fome, até pq, não tinha almoçado, mas o que eu menos queria era ter que abrir a porta e falar com o clube do Rafinha e com.o próprio Rafael. Tenho evitado ele desde ontem a noite.
Liguei para minha mãe, Daniel, e outras pessoas que estava morrendo de saudades. Parei de falar no celular quando ouvi que estavam indo embora. 
Assim que todo a saíram, dei um tempinho e saí. Rafael estava terminando de lavar a louça.



 Abri a geladeira sem falar com ele, quando ele ouviu, se assustou.

- boa noite pra você também - falou depois do susto.
Ergui as sobrancelhas

- olha só, ele fala as palavras mágicas... - tirei uma garrafa de água da geladeira e caminhei até a pia para pegar um copo no escorredor. Ele apenas bufou

- tá, Eduarda - cacete, para de falar meu nome! Não com esse sotaque e nem com essa voz seduzente. - guardei um pedaço de bolo pra você, ta numa vasilha dentro do microondas - me engasguei com a água e comecei a tossir - você ta bem? - me olhou
- você fez o que? - falei em meio a tosse. Ele revirou os olhos - nossa, chega me engasguei - recuperei a fala 
- se não quiser, não come
- para o mundo que eu quero descer. Por isso que o tempo ta feio assim - falei guardando a garrafa de água na geladeira e indo até o microondas. 
Quando abri, tinha um pedaço generoso de torta de chocolate. 
- não tá envenenado não né? - falei e ele riu com o nariz
- cara, você deve mesmo me achar um monstro, né? - falou se virando para mim. Caminhei ate o escorredor novamente para pegar uma colher.
- tipo isso - sorri igual o Jim Carrey sem mostrar os dentes. O semblante do Rafael mudou na mesma hora. Era um semblante diferente. Ele não fechou a cara, nem fez cara de tédio e sim de triste. Percebi que tinha pegado pesado dessa vez. Tudo bem, pra qualquer outra pessoa aquilo poderia soar como brincadeira, o que era pra ser, até pra ele mesmo, mas não naquele dia. Ele pareceu sensível demais, tanto que nem me respondeu nada. Virou, terminou de lavar o último copo da pia, enxugou as maos e foi pro quarto. 
Eu fiquei mais do que arrependida e comi o bolo todo pra afogar minhas mágoas. Lavei a vasilha e fui pro quarto. 
Quando entre no WhatsApp, vejo uma mensagem do Gustavo.
"Ei, estivemos aí pra comemorar o niver do Rafael e tu tava dormindo!! Que p*rra de sono é esse, mano. Batemos na porta e voce nada de ouvir"
P*ta merda! 
Chamei o cara de monstro no dia do aniversário dele! Vacilo em Eduarda. O que ta acontecendo contigo, garota?!
E agora? O que eu faço? Mandeu um audio pro Daniel pedindo um help!
Não demorou muito ele me respondeu.
"Vai pedir desculpas e mostre que se importa! Você não é assim, Duda. Pelo amor, controle sua língua. 
To na aula, depois nos falamos, beijoo!"
Ele ta certo. Não sou assim. 
Criei coragem e fui falar com ele. A porta do quarto estava fechada. Quando eu ia bater, ele abriu com o mesmo semblante.
- alguma coisa? - perguntou
- s-sim, é... - pausei - desculpa pelo que falei...
- ah, tranquilo - falou calmamente saindo do quarto e indo até a sala. Caramba, será que doeu tanto a ponto dele não ter animo nem pra me xingar? Ou me destratar? Eu apenas o observava. Estava muito estranho. Ele me olhou, ja que ainda estava parada na porta do seu quarto - mais alguma coisa?
- Rafael, é sério. Não sabia que ia se magoar...
- magoar? Quem ta magoado aqui? - olhou para os lados - só se for você, pq eu To de boa. - deu de ombros
- até acreditaria se seus olhos não dissessem o oposto.. - ele riu
- deu pra ser vidente agora? Me erra, vai - entrou no quarto passando por mim e exalando seu perfume maravilhoso
- Rafael...
- Eduarda, na boa. Vê se eu to na esquina - segurou a maçaneta da porta - da licença? - suspirei e fui pro meu quarto - obrigada, madame - falou e trancou a porta do seu quarto. Fiz o mesmo.
Como pode ser tao arrogante? Fui na humilda falar com ele e é um "vai ver se to na esquina" que recebo.
Ai que vontade de mandar ele tomar naquele lugarzinho! 
Calma Eduarda, respira. Da um desconto, hoje é o aniversário dele, talvez seja mais um longe da família, vamos ser compreensiva...
OK, mas precisava ele me tratar daquela forma? Pqp
Se bem que isso ja é normal, ja deveria estar acostumada.
Mas não, eu não estou! Quem ele pensa que é pra falar comigo dessa forma? 
Tá, Eduarda, chega. Vai dormir, amanhã ainda é sexta! Ainda tem aula. E foi isso que tentei fazer, dormir. 
Mas não consegui.
O tempo estava muito feio, trovejando e relampejando. Morro de medo. Lembro que quando era inverno eu não dormia sozinha na minha casa por conta do barulho das trovoadas. Me lembrava de quando era pequena e morava em uma casa bem simples de telha, teve uma madrugada que ventou e choveu tanto que  uma parte da telha soltou e caiu na casa do vizinho, fazendo um barulhao. Eu pensava que era o fim do mundo e chorava desesperadamente enquanto ajudava minha mae e minhã irmã a tirar os móveis do lugar em que estava sendo molhado Por conta da lacuna que se formou.
Liguei a luz do quarto com dificuldade pois minhas maos ja estavam tremendo a cada trovoada e clarão. A desvantagem de morar no último andar do prédio. 
As paredes balançavam muito e parecia que tudo ia desabar. O basculante do banheiro não queria fechar, o que fez parte da chuva entrar e ficar me molhando a parte de dentro também. Comecei a entrar em desespero.  Peguei um guarda-chuva e abri no banheiro fazendo com que a agua que entrava pelo basculante caísse nele e em seguida no chão. Eu ja tava encharcada. Não conseguia alcançar de jeito nenhum o basculante e a corrente que tinha pra puxar havia emperrado. Sentei no chao e comecei a chorar. Pensei em bater no quarto do Rafael, mas o que eu ia falar pro cara que chamei de monstro e estava p da vida comigo? "Oi, tudo bem, vamos ficar batendo um Papinho na sala até a tempestade passar? Vem cá, me conta o pq de você ter escolhido engenharia civil? Me diz pq voce é tao chato e sexy ao mesmo tempo?"
Não, não posso fazer isso. Memorias da infância começam a surgir com mais intensidade bem como o meu choro. Ouvi batidas na porta e o Rafael me chamando. Respondi de forma inaudível torcendo para que ele tenha escutado os meus pensamentos. Não tive forças pra falar, piorou pra levantar. Minhas pernas estavam bambas.
Ele me chamou novamente e eu soltei um "entra" tao forte que ele entrou com tudo. Eu ainda estava no chão abraçando minhas pernas, molhada, tremendo e chorando.
- o que aconteceu? - correu ao meu encontro me levantando do chão. Eu não conseguia falar nada, apenas chorar - Eduarda, calma, ta tudo bem - falou calmo e fez o que nunca imaginei que ele ia fazer na minha vida: me abraçou. Nem ligou pelo fato de estar molhada e ele com uma regata. Outra trovoada e Eu o apertei com toda força do universo. - você tem medo de tempestade?! Nossa. - disse enquanto descia e subia sua mao pelas minhas costas. Ele olhou pro banheiro e viu o armengue que eu havia feito com o guarda-chuva. - vou fechar o basculante - falou se afastando
- não - falei. Saiu mais como um sussurro de súplica. Balançava a cabeça negativamente e impedia que ele se afastasse 1 milímetro de mim
- eu não vou sair daqui, calma - disse docemente acarinhando meus cabelos
- não, por favor... - falei suplicando
- vem comigo então - segurou a minha mao e me levou até o banheiro. Em menos de 3 segundos ele fechou o basculante enquanto eu segurava sua camisa. Era como se eu estivesse o prendendo a mim por uma algema. - pronto. Agora se enxuga - pegou minha toalha empendurada no banheiro e me secou superficialmente. Outro estrondo e eu apertei sua mão. - calma, Duda. Se você não se secar pode pegar um resfriado.. 
Ele foi até o meu guarda-roupa, pegou uma roupa fina para mim e me entregou no banheiro
- toma, põe essa. Eu vou estar aqui fora te esperando - falou me entregando a roupa
- promete que não vai sair? - falei com meus olhos implorando por uma resposta positiva. Ele sorriu e respondeu
- prometo.
Encostei a porta mas não tranquei. Tirei a camisa e mais outro estrondo. Segurei na maçaneta e Rafael gritou: eu to aqui! 
Ouvir aquela voz trouxe um pouco de conforto para mim. Vesti a blusa e o short do baby dool com um pouco de dificuldade pois tremia que nem vara verde. Assim que acabei, abri a porta e o Rafael estava em pé de frente ao meu armário olhando umas fotos que estavam coladas na parte interna da porta. Quando me viu, sorriu e segurou minha mão. 
- pronto, agora deita aqui. - me guiou até a cama. A cada estrondo eu apertava sua mao fortemente. Estava segurando ela com as minhas duas. Deitei na cama, no canto da parede E ele soltou da minha mao para poder me cobrir com o cobertor. 
- fica... ?-  pausei - por favor
Ele apenas me olhava como se eu fosse a coisa mais frágil do mundo. Sorrindo respondeu:
- fico. 
E deitou ao meu lado se cobrindo com o mesmo cobertor. Se no dia anterior alguém descrevesse essa cena, eu ia mandar enternar num hospício. Desliguei a luz, pois onde eu estava era mais próximo ao interruptor.
Apoiei minha cabeça no seu braço direito e a minha mao direita no seu peito. Com sua mão esquerda, ele fazia carinho no meu braço e intensificava a cada vez que trovejava e ele sentia meu corpo enrijecer. 
- eu to aqui - sussurrava. 
Era o que me confortava.

(...)
Rafael on
Não sei pq ainda me importo com o que essa garota fala. Na boa. Depois dela vir toda arrependida pedir desculpas Fechei a porta do quarto e comecei a estudar para ocupar minha mente. Funciono melhor de madrugada. 
Passei um tempo estudando até que ouço uma trovoada cavernosa. Parecia que tinha algum prédio sendo desabado, até eu me assustei. Guardei as coisas e fui ao banheiro. Cheguei la e estava entrando agua pelo basculante. O bom é que ele fica na parte do box, então não tem tanta importancia se molhar. Mas aí lembrei do basculante do quarto da Eduarda. Com certeza ela não vai alcançar e nem acertar fechar com a correntinha que usa para abrir. Quando saí do banheiro, vi que a luz do quarto dela ainda tava acesa. Resolvi  Bater na porta do quarto dela. Bati e chamei a primeira vez mas não obtive resposta. Deve estar dormido. Essa menina só dorme, eu hein. 
Ia voltar pro quarto quando senti de chamar mais uma vez. Quando bati, ela falou "entra" tao desesperadamente que pensei logo o pior e por impulso, entrei de uma so vez.
Quando olho pra ela, chega a dar dó. Sentada no chão, se abraçando como quisesse se proteger de algo, toda molhada, parecendo uma criança indefesa.
Pergunto o que aconteceu mas ela só chora e treme. Levantei ela e fui esmagado em um abraço. Queria saber o que foi que tinha acontecido. Será que peguei pesado demais mais cedo?
Um estrondo de trovoada e sinto seus ossos tremerem... A tempestade!
Ela deve ter algum trauma forte, pq nunca vi ninguém naquela situação por conta de trovões, raios e relâmpagos.
Com dificuldade, me soltei dela para ir fechar o basculante. Eduarda me seguia e segurava a minha camiseta como se eu fosse a coisa mais importante do mundo. Gostei dessa sensação.
Peguei uma roupa para ela e aguardei ela se trocar. Reparei em umas fotos do seu guarda-roupa. Uma parecia que era em uma instituição de ensino pois estavam de farda, tinha varias pessoas aparentando ter a mesma faixa etária que ela e um cara com cara de professor. Ouve mais outro estrondo que tremeu as paredes do quarto. Ouvi o barulho da maçaneta e falei pra ela que ainda estava no quarto. Voltei a olhar as fotos. Tinha uma dela com o que parecia ser a familia dela na praia, outra dela com um homem.. Seria o namorado dela?
E dela com uma garota. Olhei pra porta do banheiro e Lá estava ela com aquele babydool super sexy. Me controlei para não lhe agarrar naquela hora.
Chamei ela para deitar e ela me pediu pra dormir com ela... Eu to sonhando ou o q? Como pode isso? A garota que eu impliquei desde a primeira vez que vi, que me tratava super mal, que me chamou de monstro quando tentei ser legal, estava fazendo de mim o seu porto seguro. Explica isso Darwin, Newton, Einstein..
Não tive forças físicas nem psicológicas para recusar. O que eu mais queria era protegê-la do que quer que seja que esteja atormentando ela. Deitei e ela se acomodou em mim num encaixe perfeito. Fiquei fazendo carinho nela enquanto ela tentava relaxar. Nunca imaginei que uma pessoa de personalidade tao forte quanto a dela, tao intimidadora, aquela que bate de frente pudesse também se revelar uma pessoa tao frágil quanto qualquer outra. Não a EDUARDA.
Mais um estrondo, mais um corpo tenso.
Acarinhei seu braço e cabelo e sussurrei : estou aqui.
Senti seu corpo relaxar imediatamente.
Ah, Eduarda!












Continua? Participe da nossa webn! Diga o que está achando nos comentários!!

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Capítulo 4


No dia seguinte tive aula das 9h às 11:40. Quando estava saindo da sala conversando com o André (colega de turma) e a Geórgia, ouço o Gustavo me chamar e pedir pra esperar ele. Me despedi do André e da Geo e caminhei até ele que copiava algo do mural.
- e ae, bro - falei dando um soquinho no seu ombro
- pqp, me borrou - falou
- foi mal - RI - qual foi?
- vamo almoçar? - disse guardando o caderno na mochila
- onde? Você que vai pagar?
- claro filha, to convidando. Num restaurante duas ruas pra cima
- por mais pessoas como você Guu - falei apertando suas bochechas. Gustavo é um fofo, cara. Não sei se é a barba ou o sorriso que diminui o olho, mas tenho vontade de apertá-lo. - tem horas que tenho vontade de te levar pra minha casa
- ue, pq ? - perguntou enquanto saíamos da faculdade
- você é um amorzinho
- eu hein - riu
- nem parece que é amigo do Rafael. Qual é o problema dele? - questionei.
 - Bom, pena que não tenho tempo para relacionar todos. Mas digamos que o Rafael prefere ficar sozinho. Ou talvez tenha alergia a mulheres bonitas - completou ele, lançando-me um olhar significativo.

Claro que foi uma piada, para descontrair. Não que eu seja uma pessoa feia, até porque gosto bastante de me
arrumar. Adoro andar na moda. Aprendi a ser vaidosa por insistência da minha mãe. Ela temia que eu acabasse adquirindo o jeito dos meus primos que eram como irmãos para mim e me tornasse uma garota masculinizada. Resultado: não saio de casa sem dar uma boa caprichada no visual, seja para trabalhar, ir a festas ou me exercitar. Mas deixo claro que não sou fútil. Nadinha.

- mas por outro lado ele é o único que se salva ali - disse por fim
- só que não - falei
- juro pra tu. Tipo, ele não é mulherengo e não pensa só em sexo como os outros caras. As mulheres dão em cima dele em peso, também, o cara é f*da em tudo, inteligente pra caramba, mo gente boa, melhor no futsal, parceirasso. Ate eu daria pra ele - gargalhei
- acho que não estamos falando da mesma pessoa - falei
- sério - riu - não entendo pq vocês dois não se bicam... Os dois são fechamento
- talvez se ele Nao fosse mal educado, arrogante, grosseiro, mimadinho... - ele riu
- ele é totalmente o oposto, Na maioria das vezes. Serião. Só não se relaciona serio com ninguém. parece que tem medo de algo...
- como assim?
- tipo, teve uma garota que ele tava saindo há um tempo atrás. Ela é da turma de Biotec, gatona e gente boa pra caramba. Ele tava curtindo ela e tudo, quando pensamos que ele ia levar adiante, eles pararam de se encontrar. Fui perguntar pra ele, ele largou um "não deu certo" típico dele - fiquei pensativa - ele não abre essa parte da vida dele... É como se nem ele soubesse o que acontece

Fiquei calada. Chegamos no restaurante. Sentamos na mesa da janela. O restaurante é todo emadeirado, e tocava Matheus e Kauan bem baixinho.

- nossa, vocês só ouvem sertanejo? - falei enquanto sentavamos
- não, tem funk também - respondeu Gustavo, rindo
- AFF - revirei os olhos e ri em seguida. Um garçom veio até Nós, fizemos os pedidos e voltamos a conversar.
- ta com saudade de casa ja?
- muita - respondi e ele riu - você não tem noção
- pior que tenho... Sei a barra que é o começo
- saudades de acordar com meus vizinhos ouvindo pagode baiano, arrocha , gritando alguém, cachorro latindo... Aqui é muito tranquilo - falei colocando o cotovelo na mesa e apoiando meu queixo na mao
- se acostume fia 
- pois é ...
- me conta como é lá? Morro de vontade de conhecer Salvador, principalmente o carnaval de lá. Assisto e me arrepio cara - falou e eu RI
- então... La é lindo, quente, muita agonia, quente, a população é única... Quente - falei e ele riu - mas tem praias maravilhosas, a maioria dos prédios tem piscinas, tem clubes... 
- então ta tudo azul
- pois é.. E carnaval, é aquilo mesmo. Mas tem muita briga também... Coisas que a rede globo não exibe
- eu fico imaginando. É gente pra caraí, deve ter alguns imbecis sem o q fazer, não é possível
- sim, tem vários.. Você tem namorada, Gustavo?
- tenho não, quer se candidatar? - eu ri sem graça, não imaginava essa resposta - iiiiiiih ficou com vergonha - me zoou - ate parece que é tímida
- mas eu sou ue!! Muito por sinal.
- ahaamm, sei.. 
Nossos pedidos chegaram e comemos conversando num clima super descontraído e agradável. Gustavo é um palhaço! Ele me chamou para ir jantar na chácara com o pessoal da empresa júnior, a qual ele era analista de recursos humanos. O jantar era em prol do retorno às tarefas da empresa... Ou seja, iniciando o ano oficialmente. Segundo ele, ja poderia fazer um networking. Aceitei, até pq eu gostaria muito de trabalhar la.
Terminamos, ele pagou a conta e fomos pra casa juntos, ja que ele mora no andar de baixo do meu. Cheguei no meu andar e toquei a campanhia. Rafael abriu de regata e short de academia. Que pernas!
- como você entrou? - perguntou estranhando eu não ter interfonado para ele abrir o portão
-  vim com o Gustavo - entrei e Fechei a porta
- da faculdade? - iiih, virou polícia agora meu filho? 
- também - falei caminhando até meu quarto
- hum. - encerrou o assunto. Agradeci.

Durante a tarde, a Geórgia me chamou para ir com uns estudantes à um parque de reserva natural da cidade. Decidi ir, melhor do que ficar em casa trancada no quarto.
Vesti uma roupa simples mesmo.



Quando abri a porta do quarto, dou de cara com o Rafael na porta do quarto dele, todo arrumado.



Endireitei o corpo e olhei pra ele. Não posso afirmar se o que vi foi real ou se minha imaginação hiperativa me levou a enxergar aquilo, mas tenho quase certeza de que os batimentos cardíacos do Rafael passaram por uma ligeira alterada.

- está indo pro parque também? - perguntou me olhando
- sim... Você também? - ele assentiu - Gustavo também vai? - perguntei e ele desviou o olhar
- não, vai sair com o um pessoal - se virou Para fechar a porta. Fiz o mesmo - pode ir indo chamando o elevador, só vou fechar a janela da cozinha, se caso chover - falou. Rafael tá diferente... Pensei comigo mesma.
Abri a porta e chamei o elevador. Não demorou muito ele chegou e entrei com o Rafael. Fomos juntos até a faculdade no maior silêncio, como dois desconhecidos.

Aproveitei que ele estava de boa maré e ainda não havia me afrontado naquele dia para puxar conversa.

- já foi nesse parque? - perguntei e ele assentiu
- quase sempre.
- hum... É muito longe?
- não, uns 20 minutos.

Chegamos na faculdade e ja tinha um ônibus de viagem parado. Supus que iriamos ao parque nele. Assim que atravessei a rua avistei a Geórgia com um grupo de colegas la da sala. Rafael também encontrou alguns amigos e foi ao encontra deles. Me aproximei da Geo.

- chegou bem acompanhada hein - falou ela e eu revirei os olhos - desculpa!!
- que horas o ônibus vai sair? - perguntei
- daqui a 30 minutos - respondeu André.
- Duda! - chamou Gustavo. Pensei que não iria... Ele estava acompanhado por três homens e uma garota. Caminhei até ele. - galera, essa é a Eduarda. Ela é caloura.
- Seja muito bem vinda, Eduarda. - falaram. Agradeci. Gustavo falou que eram da empresa junior e um dos caras era o diretor.

O grupo do Rafael chamou ele que Saiu e me deixou la sozinha com o pessoal da empresa júnior. Fiquei um pouquinho nervosa no inicio mas depois relaxei.

Ficamos conversando e depois entramos no ônibus. O André foi ao meu lado. Sentamos quase no fundo. Passei o olho pelo ônibus e avistei o Rafael sentado no meio do ônibus com um colega. conversando super animado.

Não demorou muito chegam o ao parque. O clima ja era outro. Lugar lindo. Verde. Bem verde.

Um dos veteranos que promoveram esse "passeio" virou nosso guia. Ele nos mostrava todos os pontos daquele lugar e suas respectivas histórias.

Parei de frente a uma árvore onde suas flores eram bem amareladas com um formato de coração. Chamou bastante minha atenção


- são lindas. não são? - ouvi uma voz e me assustei. Olhei e era o Rafael.
Ele olhava para as flores encantado também. Esticou a mão e com muita facilidade arrancou uma e olhou mais pra perto. - quando você olha mais de perto, percebe que ainda é mais linda do que de longe... linda nos mínimos detalhes - falou e me entregou

Sorri e agradeci. Olhei mais de perto a flor e realmente, ele tinha razão. Ela tinha uns detalhes meio tribalistas no centro levemente azulado. Fiquei admirando e nem percebi que estavamos ficando afastados do grupo.

- vem, deixa eu te mostrar um lugar - segurou minha mão e deixei que ele me guiasse até onde pretendia me levar. Não vou negar que o contato inesperado mexeu com os meus nervos... Ah, e como mexeu! Afinal, sou mulher. sou humana e tenho hormônios. Ninguém no meu lugar ficaria indiferente àquele modelo de testosterona. tão másculo, tão charmoso e lindo. Ele podia ser o cara mais irritante do mundo, mais ainda assim sabia ser gostoso.
Enquanto me puxava, reparei no movimento de suas pernas e até um pouquinho mais acima. bem no... Bom, deixa isso pra lá, melhor nem dizer nada pq chega a ser até falta de educação aquilo tudo numa pessoa só.

Fechei os olhos e consegui sentir o perfume da natureza. Fiquei absorvendo os aromas, quase em transe.
Até que me dei conta de que boa parte dos odores era do próprio Rafael.
Ele exalava um perfume masculino, cru, com um toque amadeirado. Dizer que meu coração perdeu umas duas batidas seria mentir descaradamente.
Ele deixou de bater por cinco segundos mesmo. E depois, quando voltou, espalhou uma onda de eletricidade por todo o meu corpo.
"Cara, eu devo estar muito carente", pensei, bem a perigo mesmo, para ter uma reação dessas. Afinal, eu nem gostava de Rafael. Não tinha a menor simpatia por ele.

Ainda bem que minha atenção foi desviada para algo muito mais seguro: um lago imenso. A paisagem surgiu de repente , me fazendo ofegar de surpresa. Aquele lugar não poderia ser real.




- É o meu lugar preferido. - disse Rafael - é tão calmo... Tao solitário...

Gente, esse cara era o mesmo que me dizia desaforo e falava asneiras com os amigos? Pq não parece. Não quando ele diz essas coisas, não falando exatamente comigo, mas mais consigo mesmo.

- Um refúgio? - falei
- sim, quando tudo me cansa, quando penso em jogar tudo pra cima, quando surgem pessoas grosseiras e que me julgam sem conhecer...

Tava demorando.

Me afastei um pouco procurando me concentrar nos detalhes do lago, por exemplo , no arco-íris que se formava sobre ele e no brilho das pequenas pedras em torno dele.

- Desculpe - disse Rafael momentos depois e eu o vi passar as mãos freneticamente nos seus cabelos castanhos - me expressei mal. Não quero implicar com você. Não agora, não aqui.

Pisquei.

- mas quer fazer isso depois. Posso saber o por quê? - falei

 - hmmmm... Digamos que eu tenha meus motivos.

- baseados em conceitos pré concebidos, imagino..

Nossos olhares ficaram se duelando e, pela primeira vez notei um brilho diferente nos seus olhos verdes acastanhados.

- a vente precisa voltar - disse ele - se você quiser, depois posso te trazer aqui para mergulhar

Bipolar. Com certeza

- vamos ver - repondi passando por ele e seguindo o caminho de trilha do lago. ele me alcançou e eu agradeci mentalmente pois não ia acertar voltar.


Geórgia me liga me entupindo de perguntas e avisa que o ônibus já vai embora. Retornamos ao local onde estavam todos bem rápido, ja que Rafael conhecia tudo ali.

Ao entramos no ônibus, não foi possível deixar de receber olhares de "hummmmm, sumiram juntos... Safadjenhos". Fiquei sem graça. Procurei pelo André e ele ja estava sentado com o Danilo. colega nosso de turma. Só restou um lugar ao lado da Geórgia.

Metralhadora de perguntas em 3
2
1

Socorro!

(...)

Chegamos na chácara eram 17h. Fui de carro com o Gustavo e a Geórgia. Sim, ela foi também. Prometi que se ela não me fizesse perguntas sobre o Rafael na volta pra casa, daria um jeito dela ir ao jantar também. O que não foi muito difícil de conseguir ja que ela é mulher, bonita e eu falei diretamente com o Gustavo.

A mulher que eu havia conhecido minutos antes do passeio à reserva natural, Juliana, mostrou o quarto onde eu poderia deixar minhas coisas. A chácara era enorme, assim como a casa. Linda, muito linda.

Deixei a minha mochila la no quarto e desci pra ficar com o pessoal.  Ficamos conversando até que o pessoal subiu para se arrumar. Fiz o mesmo.

Optei por um vestidinho preto básico. 


Calcei os saltos e me maquiei no banheiro. Só um pouquinho.
Como toque final, espalhei um pouco de perfume nos pulsos e atrás das orelhas, um verdadeiro Dolce & Gabbana que havia ganhado de minha mãe no último natal.
Nos lábios, gloss. Mal tinha terminado de esfregar um lábio no outro para espalhar o brilho quando ouvi um barulho de porta sendo aberta e fechada. Levando em consideração que a acústica da casa é perfeita, esse barulho só poderia ser da porta do "meu" quarto.
Saí do banheiro apressada, pensando que ia encontrar Geórgia. Estava prestes a fazer uma piada qualquer no momento em que dei de cara com Rafael, parado de braços cruzados bem no meio do enorme quarto. De calça jeans de cintura baixa e camisa xadrez perigosamente justa, ele era a personificação da tentação. Passou os olhos demoradamente por meu corpo, fazendo uma avaliação do que via diante de si.
O processo todo demorou uns três segundos, mas posso garantir que durou até de mais, o suficiente para eu perder o fôlego.

– Seriamente, você é um mal educado. Não sabe bater? - acusei com medo de que minha voz tivesse saido pouco natural e ele percebesse meu nervosismo. - e se eu não estivesse vestida? - desejei não ter dito isso
- então, eu teria muita sorte - respondeu erguendo levemente a sobrancelha esquerda
- posso saber o que você quer? - questionei toda armada - ja estou pronta e - olhei no meu relógio de pulso - no horário combinado. Não precisava se dar o trabalho de vir me buscar
- não foi um trabalho - ele disse - e eu não vim te buscar

Rafael se jogou em minha cama, esticando-se todo como se fosse o gesto mais natural do mundo. Colocou os braços atrás da cabeça e fingiu estar avaliando a qualidade do colchão.
Tudo o que eu fiz foi ficar encarando a cena, incapaz de mover um músculo para impedir. Afinal, era Rafael deitado na cama bem na minha frente.
Meu Pai!

- você é muito folgado! - soltei. - e sem noção.
- Ei, eu só vim ver como você estava. Por causa da conversa de hoje, lembra? Como foi com o diretor da empresa junior?

Suspirei.
Não.
Aquilo não estava acontecendo.

- não dava pra perguntar na hora do jantar? - continuei, relutante. - previsava invadir meu quarto? eu poderia estar...
- sem roupa - completou - eu sei. Você ja disse isso.

Bufei furiosa.
Claro que eu poderia ter deixado ele sozinho e ter saído do quarto, altiva, por cima. Mas não sei o que dava em mim sempre que ficava perto dele.

- e então? Vai me contar como foi com meu chefe? - pqp, esse cara está presente em todas as associações da faculdade, é? Perdi a vontade de fazer parte da empresa júnior..
- tudo bem - respondi secamente
- tudo bem que vai contar, ou lá foi tudo bem? - da pra alguém ser mais chato do que esse sujeito, meu Deus? - não precisa ficar economizando nas palavras. Temos um tempinho.

Revirei os olhos com o máximo de desdém que consegui demonstrar e mandei um comentário muito criativo - e maduro, diga-se de passagem:
- você é ridículo, Rafael.

Nesse instante, Rafael se levantou de um pulo e só parou a centímetros de distância de mim. Dava até pra eu sentir o cheiro másculo do perfume que usava, algo seco e selvagem.

- repita o que disse - ordenou ele com os olhos faiscando
- o quê? - eu disse, como se meus nervos estivessem no melhor dos estados. - que você é ridículo?

Rafael se aproximou ainda mais, a ponto da nossa respiração se misturar. Ele exalava creme dental de menta. E eu? Será que meu hálito estava pelo menos agradável?

- não. Rafael. - falou ele

Hein?
Fiquei olhando pra ele com a maior cara de boba pq eu realmente não tinha entendido nada. Então, ele esclareceu:
- diga meu nome de novo.

Então era isso. Mas o que isso representava afinal? Um caso esquisito de amor pelo próprio nome que fazia querer ouvi-lo pronunciado pelas pessoas?

- co-como? - gaguejei

Rafa tocou uma mecha de meu cabelo tão lentamente que fiquei em estado de choque, sentindo o trajeto dos seus dedos desde a altura da orelha ate as pontas dos cabelos.

- gosto da maneira como você pronuncia meu nome - justificou-se, concentrado no ato de sentir a textura de meu cabelo - aliás, é a primeira vez que você me chama de Rafael.

-hum hum - fiz. Mas se ele tivesse me dito que a Terra é triangular. eu teria concordado da mesma forma.
- soa diferente na sua voz - continuou - deve ser por conta do seu sotaque
- pode ser - respondi, meio que no piloto automático
- ou é só por causa dessa sua boca mesmo - dito isso, Rafael traçou o contorno dos meus lábios com o polegar e eu Fechei os olhos para sentir o melhor toque.

O que estava acontecendo ali? Rafael estava me paquerando? Mas não podia!
Jurava que ele iria me beijar. A forma como ele encarava minha boca não deixava margem para dúvidas.  Os olhos dele ainda faiscavam, mas não era de raiva, nem impaciência. Era algo mais poderoso e forte, que o puxava para perto de mim como se fosse uma especie de hipnose.
Mas, como isso era possível? Nós nem gostavamos um do outro. Viviamos implicando e jogando indiretas, mal nos toleravamos. Eu não suportva aquele homem, mesmo quando ele fazia meu coração dar piruetas só de ve-lo ou me levava para conhecer algum lugar lindo. Ele também não morria de amores por mim. Sempre que podia, deixava bem claro o que pensava a meu respeito e não exitava em me tirar do sério. Então, pq agora tudo me levava a crer que Rafael estava prestes a colar seus lábios nos meus? E pq eu ansiava desesperadamente por isso?
Porém, no momento em que meus ombros relaxaram e eu pensei que as coisas iam progredir entre a gente, Rafael se afastou.
E o encanto se desfez.
Só ai escutei o toque de um telefone. Meu celular!

Corri pra pegá-lo na cama e olhei o visor. Tiago! Se isso não fosse um sinal, não sei mais o que poderia ser. Tiago era o cara com quem eu ficava. Era exagero dizer que eramos quase namorados. Nos conhecemos no curso de frances que fazíamos juntos e eu me apaixonei por ele assim que o vi pela primeira vez na sala. A partir de então começamos a sair e a iniciar um rolinho meio que sério. Combinado de continuar assim até que eu voltasse à Bahia e resolvesse o nos futuro.

Tentei o maximo que pude controlar minha respiração.
Aliás, se eu pensava que Rafael estava prestes a deixar o quarto, me enganei perfeitamente. Tudo o que ele fez foi esperar que eu atendesse à chamada. Será que agora ele advinha as coisas? Porém, eu tinha um grande trunfo para o caso de Rafael querer ouvir minha conversa. Falaria em francês. Bem feito!

- oi princesa! - Saudou Tiago, todo animado - que saudades...
- hã... Oi Tiago - falei - que surpresa!

Rafael deixou sua marca registrada ao me encarar, levantou uma de suas sobrancelhas. Demonstrou estar indignado com a minha recusa em deixar que ele entendesse o meu diálogo. Curti demais esse momento, soberana.
Meu coração batia forte no peito. Minha dúvida era se isso acontecia pelo fato de estar falando com o Tiago ou pq ainda podia sentir os vestígios do meu quase-beijo com o Rafael.

- pois é... Como faço pra controlar essa saudade louca que ando sentindo? Ouvir você falando em francês então... Me lembra as nossas "aulas" - falou Tiago, cheio de graça e enfatizando o aulas.

Não sei, mas esse tempo longe dele me fez perceber que nossa paixão não era tao grande assim. Afinal, eu nem pensava nele direito. Também havia outros motivos, tipo ele quase nunca fazer contato ou ser evasivo nas poucas conversas que tínhamos. Mas nada a ver com Rafael. que isso fique bem claro.

- bom, a gente ja tinha combinado que deixaria pra resolver nossa situação quando eu voltasse, nas férias - contemporizei - é difícil falar sobre isso pelo telefone.
- falar sobre o que? - questionou Tiago - sobre saudade? Não vejo problema nenhum.

Fiquei impaciente. De repente, queria desligar logo a praga daquele aparelho e descer para o jantar.
- beleza, Tiago. Gostei da sua ligação.Mas agora preciso ir
- certo - cortou ele- ja entendi. Você ta me dispensando.

Oh Senhor!

- eu não faria isso - "não pelo celular, há quilômetros de distância". Mas não disse isso em voz alta
- bom princesa, vamos deixar as coisas como estão. Prevalece o que combinamos aqui, certo?

Eu não queria dizer que sim. Não estava preparada para reforçar o nosso combinado. Já não sentia o mesmo por Tiago. Não conseguia me imaginar apaixonada por ele, namorando, ou pior, usando com ele minhas lindas lingeries da La Perla.

- a gente se fala depois - prometi - era o mínimo que podia fazer.
Desliguei o telefone, sabendo que Rafael estava prestes a fazer uma observação. Levantei os olhos para ele, que apenas comentou:
- essa língua francesa é muito confusa.
Sorri. Ele completou:
 - vem, vamos jantar.

Descemos para a sala em silêncio.
- ah, até que enfim! pelo menos vocês dois ja estão prontos! - falou Gustavo chegando na sala também. - mano, tao querendo chamar a Beth - disse diretamente pro Rafael. Tive uma leve impressão de que ele ficou sem jeito, sem cor e sem fôlego.Quem era essa tal de Beth afinal? Alguma professora deles? - mas eu disse que era melhor não. Joguei um migué, falei que ela nem era da empresa júnior e tal...
- e aí? - disse Rafael bastante interessado no assunto
- e aí que falaram que a Eduarda e a Geórgia também não eram - olhou pra mim e eu fiquei sem graça - mas aí o Diego (diretor) chegou e falou que a Duda AINDA não fazia parte, mas tinha bastante interesse em contrata-la
- parem de falar como se eu não estivesse aqui. - protestei
- mas e a Beth? - falou Rafael ainda preocupado com essa mulher
- Diego achou melhor não. Ia demorar muito. - Rafael suspirou aliviado. Fiquei com uma pulga atrás da orelha. - sua quase namorada não vem, relaxe - riu Gustavo.

Então era isso. Essa tal de Beth era a mulher da Biotec que o Rafael teve um lance quase sério. E pelo que percebi, ainda se sentia incomodado com sua presença. Será que ele ainda tem algum sentimento por ela? Mas é óbvio que sim. Pelo que o Gustavo me falou e pela reação dele ao saber que possivelmente ela jantaria conosco naquela noite, não deixava sobra de dúvidas. Eu já deveria saber disso. Não é por nada, mas pelo menos eu teria um fortíssimo motivo para parar de colocar na mesma frase os nomes Rafael e La Perla.
Aos poucos o pessoal foi descendo e quando todos ja estavam prontos fomos para sala de jantar iniciar nossa janta.

No jantar estava eu, a Geórgia , Rafael, Gustavo e os 3 que vi antes de passeio ao parque juntamente com a Juliana. Esses 3 era o diretor Diego - jovem, cursa engenharia  de alimentos - Bruno, - estudante de biotecnologia - e o Vinícius, - estudante de engenharia mecânica -.

 Sentei entre a Geórgia e a Juliana. Rafael sentou na minha frente e o Gustavo na frente da Geórgia. To percebendo uns flertes entre os dois desde o carro.  Jantamos num clima bem descontraído e como sempre, eu era o centro das perguntas, palhaçadas e tudo mais. E por incrível que pareça, eu não me senti incomodada com isso.

 Terminamos de comer e lá mesmo o Diego nos serviu a sobremesa: sorvete. Havia varias opções.
Escolhi um sabor diferente, meio picante. Enquanto degustava meu sorvete, concentrada nas historias ilarias das calouradas, Rafael perguntou de supetão:
- e você Eduarda, tem namorado?

Engasguei na mesma hora. Dei uma abocanhada tão enorme no sorvete que ele desceu rasgando minha garganta, fazendo minhas narinas arderem e meus olhos se encherem de lágrimas.

- Não — gemi. — Mais ou menos — acabei corrigindo. Minha situação com Tiago não havia mudado nada. Aliás, as coisas pareciam cada vez mais frias. Fazíamos pouco contato e, quando acontecia, era estranho, sem química, como minutos antes do jantar. Mesmo assim, não consegui responder outra coisa. Em minha cabeça, ainda que não ficássemos juntos quando eu voltasse, tínhamos que resolver tudo pessoalmente.

- Não ou mais ou menos? — repetiu Rafael, olhando mais para seu sorvete do que para mim.

 - Mais ou menos. - Definitivamente, eu não estava a fim de falar sobre isso com ele. Mas Rafael insistiu:

- Nada sério, então?
-Isso. Por enquanto. - respondi e ele estreitou o olhar, igualando-o à minha altura, como se estivesse me desafiando a falar mais. Eu não estava com a menor
vontade de continuar, mas acabei cedendo, nem sei por quê.

- Eu estava começando um relacionamento quando saí da Bahia. Decidimos manter contato, mas sem chamar de namoro. Não enquanto eu estiver aqui. Entendeu agora? -  Minha voz saiu mais ríspida do que eu gostaria.

Rafael deu um meio-sorriso, aquele que fazia meu coração dançar em ritmo da Timbalada, de tão sensual que era.

 — Eu, no lugar dele, estaria maluco — disse ele, como quem não quer nada, sem saber que aquele simples comentário fez o ritmo de meu coração passar para bateria de escola de samba Junto com Olodum - Será que seu quase-namorado não fica se perguntando quantos caras dão em cima de você todo dia aqui em Uberlândia?

 Tive que rir. Aquilo não condizia com o que vinha acontecendo. Fora umas olhadas que ganhava de um ou outro cara mais atiradinho, ninguém jamais havia me paquerado de verdade em solo mineiro. Rafael só podia estar de brincadeira.

- Nada a ver, Rafael — foi só o que disse em resposta ao comentário sem noção.
 -  Nada a ver? Um cara interessado de
verdade numa mulher pensa nessa possibilidade o tempo inteiro. Eu ficaria doente se estivesse no lugar dele.

Não entendi direito o que ele quis dizer. Rafael ficaria doente se a namorada dele fosse embora para outro país ou se ele fosse Tiago? A primeira hipótese me deixava com dor de estômago e a
segunda... bom, também.

- concordo plenamente com o Rafa - disse Vinícius

- a famosa frase " quem não da assistência, perde pra concorrência" - disse Gustavo se levantando - e ta grande hein
- grande onde, gente? Pelo amor de Deus - falei descontraída - vamos mudar de assunto né.

E assim foi feito. Ficamos conversando na varanda e depois fomos pra casa. No carro, o Rafael foi na frente com o Gustavo e eu atrás com a Geórgia que estava muito quieta por sinal.

No caminho a Geórgia começou a passar mal até desmaiar. Fiquei desesperada.
- Guga, dirige até um hospital mais próximo. - falou Rafael, seguro.
- Geo. Acorda pelo amor de Deus! - falei quase chorando
- calma, Eduarda. Ela ta respirando? - disse Rafael. Eu verifiquei e assenti - vê o pulso dela - assim eu fiz.
- ta batendo - falei me referindo aos pulsamentos.
- ja estamos chegando
- voa Gustavo!!

Chegamos no hospital e ela foi levada desacorda de em uma maca. Queria acompanhar ela mas como estava muito nervosa, o Gustavo preferiu ir.

Fiquei sentada na sala de espera com o Rafael. Estava cansada, calada e nervosa.
Eu não esperava que Rafael fosse se aninhar a meu lado, nem que tivesse intenção de segurar minha mão. Levei o maior susto, embora soubesse que era um gesto inocente, tranquilizador, sem segundas intenções. Deixei que ele fosse meu apoio e não senti vergonha ao me recostar nele, minha cabeça descansando confortavelmente em seu peito. Rafael reagiu fazendo carinho em meus cabelos com a outra mão. Suspirei, mais relaxada do que deveria vamos combinar.
- Eu ainda não disse que você está linda — elogiou ele, devagar. Sua voz saiu distorcida devido à nossa posição.
- Não -concordei, adorando estar sendo paparicada por Rafael pela primeira vez. — Está linda, Eduarda -repetiu, com mais ênfase.- Uma princesa!
-Não tem mais raiva de mim?- indaguei, incapaz de olhar em seus olhos.
-nunca tive raiva de você -rebateu, segurando-me nos ombros para me encarar
-Como não? Vai dizer que eu imaginei todas as vezes que você foi rude comigo?
-Não -reagiu -Mas não era por ter raiva de você.
-Então, era por quê?
- ela acordou! - Gustavo interrompeu. Que droga! Eu estava prestes a ter uma revelação. Por que comigo as coisas sempre pareciam ficar pela metade? Me livrei desse pensamento egoísta e fui correndo até o quarto da Geo. Ela estava falando com um enfermeiro que anotava algo numa prancheta. Não demorou muito ele saiu.

- Geo!!! - corri até ela e a abracei - o que aconteceu??? Como você ta? Ta melhor? - falei rapidamente. Ela riu
- estou! Calma, respira. Dois só uma queda de pressão.
- você tava tao bem no jantar. Percebi que quando fomos pra varanda, ficou um pouco mais calada
- ali eu ja estava um pouco tonta. Mas não queria preocupar vocês. É hereditário.
- acabou preocupando de qualquer jeito
- a Eduarda tava quase tendo um Treco - disse Gustavo
- claro, do nada ela desmaia. O bom foi que ela estava falando no momento, se não a gente ia pensar que estava dormindo - Falei e eles riram
- verdade. - disse Rafael - se fosse a Eduarda, seria a primeira coisa q eu ia pensar. Ela ja fica trancada no quarto o tempo inteiro e toda vez que Bato na porta ela atende com cara de sono
- fui feita pra dormir. - falei.


Ficamos ali mais duas horas de relógio até a Geórgia receber alta e em seguida fomos pra casa.  Ela ja estava muito melhor. Chamei pra dormir la em casa, mas por incrível que pareça, ela recusou.
Deixamos ela na casa dela e em seguida fomos pro nosso prédio.
Chegando lá, cada um pro seu canto e fim.

Continua? Deixe sua opinião nos comentários (:
 

Apenas Uma Garota Template by Ipietoon Cute Blog Design and Bukit Gambang