No dia seguinte eu tive aula às 7:10 da manhã e uma apresentação surpresa em grupo
, assunto: corrosão. Dessa apresentação, a melhor equipe teria que apresentar às 18h num evento que terá no auditório da faculdade para um dos diretores da unidade e alguns alunos de diversos cursos ofertados pela universidade. Alunos de 3 cursos irão fazer apresentações de determinado tema que tenha a ver com o seu curso. Minha equipe foi a Felizarda ( palavra utilizada pela professora, eu falaria "f*Dida" ) e eu seria a oradora, pois segundo a mal-comida da minha docente,eu tenho desenvoltura ao falar e dominei bem o assunto.
- mas professora, não temos tempo pra ensaiar! Podemos passar vergonha na frente de um dos diretores da UFU! Pelo amor de Deus, não faz isso com a gente... Não faz ISSO comigo - supliquei
- voces não vão passar vergonha. E você se saiu super bem. Ganharão algumas horas na carga horaria total
- mas...
- sem mais. - disse por fim - roupas sociais, por favor. Sejam pontuais, serão futuros profissionais. Modifiquem as fotos do slide e tirem mais uns textos. Coloquem o mínimo de texto possível. O suficiente para que possam lembrar do assunto durante a apresentação. A mesma, terá 10 minutos, nada a mais que isso, fui clara? - assentimos - ótimo - falou e voltou com sua cara de carrancuda.
Xinguei ela de todos os nomes, mentalmente é claro. Como pode fazer isso com a gente? Comigo?
Sei que vou agradecer a ela la na frente, mas é muita responsabilidade ! Logo de cara assim!
Enfim, parei de lamentar pois isso não ia me levar a nada nem fazer ela mudar de ideia. Reuni o pessoal e fomos ensaiar e ajustar os slides na biblioteca. Saímos de lá 16h e eu fui cuidar da minha aparência. Como não tinha nenhuma roupa social, fui à uma loja próxima com Geo e comprei um vestidinho social e sapato. Depois fui pra casa.
17h cheguei na faculdade e o pessoal da equipe também. Fizemos os últimos ajustes e nem preciso falar que estava super nervosa, né?
Quando faltava 30 minutos para iniciar a programação prevista, fomos para o auditório. La encontrei com a minha professora que fez comentários positivos a respeito do meu look. Segundo ela, ele era ousado, sexy, social e não era vulgar. Sobrou espaço até para um "estonteante". Agradeci e ela saiu.
O auditório ja estava cheio de pessoas vestidas socialmente.
Nossa equipe seria a segunda a se apresentar. a primeira: engenharia civil e a terceira: biotecnologia.
Ficamos sentados no fundo do auditório, de frente à entrada principal.
Avistei o Nathan e a seu lado vinha Rafael, num smoking impecável. Mais lindo, impossível. Primeiro, fiquei sem fôlego. Depois, senti meu coração dar cambalhotas no peito. Por fim, fiquei vermelha. Mas isso aconteceu quando os olhos de Rafael encontraram os meus, num instante de pura química. Desviei o olhar, desejando nunca ter visto Rafael na minha vida. Por que a existência dele tinha que mexer tanto com a minha? Não acreditava que estivesse apaixonada por ele. Não ainda. Mas havia alguma coisa, uma conexão, caso contrário eu não ficaria tão abalada cada vez que o visse. Ele seguiu seu caminho e sentou na frente, junto com o Nathan e uns outros colegas. Começou a apresentação.
Do curso de Eng. Civil, o Nathan que foi o orador. Ele se saiu muito bem, por sinal. Poderia até arriscar um 'perfeito'. Chegou a minha vez. Quando foi anunciado meu curso e o meu nome, tremi mais que tudo. Respirei fundo e subi no palco. Peguei o microfone e era notório o meu nervosismo. Neste mesmo momento, lembrei da conversa que tive com o Daniel, enquanto me arrumava para a apresentação. Ele me falou que quando estivesse nervosa, eu poderia fingir ser um personagem (um alter ego) e focar em alguém na platéia em que me passasse segurança (preferência, algum colega próximo pq se não ia ficar muito estranho fitar um desconhecido). Assim eu fiz. Passei os olhos pela platéia e o único olhar em que me passou total segurança era o que era lançado por um par de olhos castanhos esverdeados. Quando o encarei, recebi um sorriso lindo e encorajador. Inspirei e incorporei uma Eduarda diferente e assim iniciei minha apresentação.
A última garota, do curso de biotecnologia era ninguém mais ninguém menos que a Beth. Ou melhor Elizabeth. Juro que pelo nome, eu imaginava uma mulher com seus 40 anos, mesmo sabendo que ela era a quase-namorada do Rafael. O que vi na minha frente foi totalmente o oposto. Vi uma garota que aparentava ter 22 anos, alta, magra, de cabelos ruivos compridos, olhos azuis e vestida por um vestido vermelho comprido exuberante. Parecia uma personagem da série nórdica Vikings junto com uma apresentadora do Oscar.
Senti uma pontada de inveja e ciúmes. Se eu tinha dúvidas do interesse de Rafael por mim, tudo que imaginava foi por água abaixo. Não passava de fruto da minha imaginação.
Elizabeth tinha a postura de uma princesa. Era bonita, inteligente. Entendido o pq Rafael se apaixonou. Só não entendi o pq não prosseguiu.
Passados os 10 minutos (tempo esse que nem vi passar), Elizabeth finalizou sua apresentação e o diretor proferiu algumas palavras para nós logo em seguida. Não me pergunte o que ele falou pq da forma q eu estava eu não lembraria nem o meu nome. Minha cabeça ainda estava no quase-casal Rafael e Elizabeth.
Quando o evento foi finalizado, recebi mil e uns elogios de veteranos, funcionários e demais colaboradores da universidade. Minha equipe ganhou 60h extra e também receberam muitos elogios pelo trabalho. O pessoal estava aproveitando bastante. Eu também, mas para escapulir à francesa. Dei um perdido em todo mundo, até em Geórgia. Necessitava de solidão. Escapei até o jardim da faculdade e me esgueirei entre os canteiros de flores. Eu ainda não sabia o nome delas, mas estava apaixonada por todas. Uma coisa era certa: assim que voltasse para Bahia, teria meu próprio jardim na varanda de meu quarto. Baixei meus dedos até as pétalas e as acariciei. Um gesto quase automático, mas que me fez relaxar um pouco. E colocar a cabeça no lugar. Fazia frio do lado de fora do auditório. Senti meu corpo se arrepiar ao ser envolvido por uma brisa gelada. Estava na hora de entrar.
- Por que está sozinha aqui?
A brisa fez meu corpo tremer. Aquela voz injetou calor em minhas veias. Como eu poderia ignorar o dono dela? Mudei de posição para não olhar para ele. Não queria que ele lesse em meus olhos toda a minha agonia.
- Vim tomar um ar, respirar um pouco Estou cansada.
- Está frio e seu vestido é bem... pelado -Ele notou - Vista meu casaco.
- Não! - quase gritei - Quero dizer, não precisa. Já vou entrar.
Rafael fingiu que não me ouviu. Tirou o paletó do corpo e me envolveu com ele, sem minha permissão. Não sei o que mexeu mais comigo: 1, seu gesto, 2, o cheiro dele no casaco, ou 3, o breve encontro de seus dedos com minha pele.
- você está bem? - ele quis saber, procurando meus olhos.
- Só cansada, como já disse - suspirei, inalando ainda mais o aroma masculino que exalava de sua roupa. Rafael sorriu.
- Caso você não saiba, fiquei orgulhoso de ver você hoje. Não sei se aguentaria firme, como você fez. O cansaço agora é mais que natural. Principalmente psicológico.
Para tudo! Rafael estava me elogiando! Ele percebeu meu espanto e continuou: - É sério. Esteve demais, Duda.
- Obrigada. Vindo de você, esse elogio tem uma conotação muito maior
- Como assim? - ele franziu a testa - Vindo de mim?
- Ah, não se faça de bobo. Temos nossas diferenças, não é?
Ele ficou ainda mais sério
- Temos, é? Não sabia.
Pronto! Agora, aquela. Como se nunca tivéssemos discutido nem nada.
- Rafael, por favor... Lembra quando a gente se conheceu? Lembra da cena no ap, das palavras que me disse? Que nao ia com a minha cara? Dos insultos na frente dos meninos? Garanto que não estou inventando
- São águas passadas, Eduarda. Eu não conhecia você direito - justificou-se e fez aquilo de novo, quero dizer, o que sempre fazia quando ficava desconfortável: passou a mão freneticamente pelos cabelos, bagunçando-os um pouco - Mas agora tudo mudou
- Mudou, é? Que bom! - Tentei parecer tranquila, indiferente. Mas meu peito palpitava. Que espécie de conversa estávamos tendo? Seria minha imaginação ou havia um clima de flerte no ar?
- Claro! - ele garantiu - Temos saído juntos e eu pude ver que você é uma mulher autêntica. Gosto do seu jeito, da sua maneira natural, dos seus ataques de sinceridade. Você é divertida e me faz rir.
Corei. Aquilo não era uma declaração de amor nem nada, mas servia. Rafael gostava de mim! Então, não era um avanço? Andei um pouco entre as flores, afastando-me dele para tomar fôlego. Eu havia acabado de ver todo tipo de qualidade da quase-namorada dele e um dos porquês todos gostavam dela. Me lembrei da forma com que o Gustavo me falou dela quando fomos almoçar juntos. Estava com minha autoconfiança abalada. A pseudo personagem já havia ido embora e eu Não tinha nada que ficar praticamente flertando com Rafael pelo jardim. Se eu fosse mais esperta daria no pé o quanto antes. Mas quem disse que eu era? Quis ficar para ver aonde tudo ia dar.
Meus pés latejavam dentro do sapato novo de salto dez. Precisei me sentar um pouco para dar conforto a eles. Ainda bem que o jardim era contornado por bancos. Senti uma corrente de vento frio, o que me fez aconchegar ainda mais no Casaco dele.
- obrigada pelas palavras, de coração. - sorri - olha Rafael, desde quando cheguei aqui, nao esta sendo facil - desabafei - adaptação, as pessoas, os desafios...
Rafael sentou-se ao meu lado, segurou minha mão e ficou massageando o dorso com o polegar. Minúsculos cristais de gelo acertaram minhas entranhas, fazendo-me ter um calafrio, uma onda súbita de prazer.
-Eu sei -ele disse, bem baixinho.
Apesar de parecer segura, minha voz saía meio entrecortada devido ao frenesi que os dedos de Rafael estavam provocando em meu corpo.
- muito difícil deixar tudo pra trás. Tudo mesmo! Minha familia, meus amigos o idiota do... - pausei
Olha só quem eu estava prestes a mencionar! Eu e minha língua solta. Rafael deduziu logo, pois arqueou uma sobrancelha, daquele jeito sexy que me matava, e sorriu meio de lado, elevando a covinha no canto da boca.
- Sei, o idiota do Tiago. De quase-namorado a idiota. Gostei da mudança de posto.
Fiquei muda. Eu que não ia falar sobre o Tiago justamente com Rafael. Preferiria ter chiclete colado em meu cabelo.
- Vai ficar calada?
- Totalmente. Sobre esse assunto eu me recuso a falar. - Fingi passar um zíper na boca.
Rafael subiu as carícias da mão para o pulso. Aquilo era tortura. Imagina se alguém resolvesse aparecer por ali. Entenderia tudo errado. Bom, eu mesma não estava entendendo muita coisa...
- mas Deus é tão generoso comigo que colocou pessoas maravilhosas no meu caminho. O Gustavo... Maravilhoso. A Geórgia nem se fala! Olha o que ela fez ccomigo - Levantei e contornei meu corpo com as mãos. Caso não tenha entendido, estava me referindo a meu visual elegante e fashion.
-Atesto para os devidos fins que as intervenções da Geórgia são de muita valia - brincou.
Os olhos dele adquiriram um brilho felino ao visualizarem minha aparência. Senti meu rosto arder. Eu estava me arriscando demais ficando sozinha com Rafael por tanto tempo naquele jardim.
- Você não contou o que pensa de mim -ele protestou, batendo com a palma da mão no banco, exigindo que eu voltasse a me sentar a seu lado - Babou no Gustavo, elogiou o povo todo da faculdade. Não sobrou nada para mim? - quanto drama.
Eu poderia dar várias respostas. Ou nenhuma. Mas eu precisaria buscar a verdade lá no fundo de minha alma e estar de peito aberto para aceitar a realidade. Quem procura demais acaba encontrando e eu tinha receio de não gostar do que veria.
-Eu ainda não tenho uma definição específica a seu respeito - Resposta mais em cima do muro impossível. Rafael se sobressaltou.
- Sério? Nossa, estou me sentindo rejeitado.
Bem feito. Quem mandou ser tão volúvel? Ou bipolar, na pior das hipóteses.
- Sério, Rafael. Embora a gente esteja tendo uns momentos legais, como agora, por exemplo, ou quando a gente sai por aí e você me apresenta lugares lindos, há momentos em que você se retrai, fica de poucas palavras, vago, até rude. Ainda não consegui te desvendar direito.
- isso quer dizer que você está tentando? - arriscou ele - Tentando me desvendar? -Ah, não fique convencido! - Voltei a ficar de pé - E está na minha hora. Nosso bate-papo foi ótimo, mas tenho que ir.
Não consegui ir muito longe. Rafael prendeu meu braço com seus dedos fortes e me fez ficar paradinha perto dele. Depois, esticou-se até ficar de pé, a dez centímetros de mim.
Eu sou alta. Para a maioria das mulheres no Brasil, ter 1,70 metro é um privilégio. Por sorte, Rafael deve ter uns bons 10 centímetros a mais, senão estaríamos cara a cara, com as bocas tão próximas que seria impossível não tentar beijá-lo.
- É impressão minha ou você está tentando fugir de mim, Eduarda?- questionou Rafael, malicioso como ele só.
- é impressão minha ou você está tentando me confundir, Rafael?- devolvi a pergunta, mas não esperei a resposta.
Soltei meu braço, retirei o paletó de meus ombros (mesmo sofrendo muito para tomar essa decisão, pois ele já estava se tornando parte de meu corpo) e tratei de fugir dali. Rafael era uma ameaça à minha saúde mental. (........................) No outro dia, tive aula durante a manhã inteira. Cheguei em casa morta de cansaço. Tomei banho, estudei um pouco de álgebra e funções, acabei dormindo por cima dos livros.
- mas professora, não temos tempo pra ensaiar! Podemos passar vergonha na frente de um dos diretores da UFU! Pelo amor de Deus, não faz isso com a gente... Não faz ISSO comigo - supliquei
- voces não vão passar vergonha. E você se saiu super bem. Ganharão algumas horas na carga horaria total
- mas...
- sem mais. - disse por fim - roupas sociais, por favor. Sejam pontuais, serão futuros profissionais. Modifiquem as fotos do slide e tirem mais uns textos. Coloquem o mínimo de texto possível. O suficiente para que possam lembrar do assunto durante a apresentação. A mesma, terá 10 minutos, nada a mais que isso, fui clara? - assentimos - ótimo - falou e voltou com sua cara de carrancuda.
Xinguei ela de todos os nomes, mentalmente é claro. Como pode fazer isso com a gente? Comigo?
Sei que vou agradecer a ela la na frente, mas é muita responsabilidade ! Logo de cara assim!
Enfim, parei de lamentar pois isso não ia me levar a nada nem fazer ela mudar de ideia. Reuni o pessoal e fomos ensaiar e ajustar os slides na biblioteca. Saímos de lá 16h e eu fui cuidar da minha aparência. Como não tinha nenhuma roupa social, fui à uma loja próxima com Geo e comprei um vestidinho social e sapato. Depois fui pra casa.
17h cheguei na faculdade e o pessoal da equipe também. Fizemos os últimos ajustes e nem preciso falar que estava super nervosa, né?
Quando faltava 30 minutos para iniciar a programação prevista, fomos para o auditório. La encontrei com a minha professora que fez comentários positivos a respeito do meu look. Segundo ela, ele era ousado, sexy, social e não era vulgar. Sobrou espaço até para um "estonteante". Agradeci e ela saiu.
O auditório ja estava cheio de pessoas vestidas socialmente.
Nossa equipe seria a segunda a se apresentar. a primeira: engenharia civil e a terceira: biotecnologia.
Ficamos sentados no fundo do auditório, de frente à entrada principal.
Avistei o Nathan e a seu lado vinha Rafael, num smoking impecável. Mais lindo, impossível. Primeiro, fiquei sem fôlego. Depois, senti meu coração dar cambalhotas no peito. Por fim, fiquei vermelha. Mas isso aconteceu quando os olhos de Rafael encontraram os meus, num instante de pura química. Desviei o olhar, desejando nunca ter visto Rafael na minha vida. Por que a existência dele tinha que mexer tanto com a minha? Não acreditava que estivesse apaixonada por ele. Não ainda. Mas havia alguma coisa, uma conexão, caso contrário eu não ficaria tão abalada cada vez que o visse. Ele seguiu seu caminho e sentou na frente, junto com o Nathan e uns outros colegas. Começou a apresentação.
Do curso de Eng. Civil, o Nathan que foi o orador. Ele se saiu muito bem, por sinal. Poderia até arriscar um 'perfeito'. Chegou a minha vez. Quando foi anunciado meu curso e o meu nome, tremi mais que tudo. Respirei fundo e subi no palco. Peguei o microfone e era notório o meu nervosismo. Neste mesmo momento, lembrei da conversa que tive com o Daniel, enquanto me arrumava para a apresentação. Ele me falou que quando estivesse nervosa, eu poderia fingir ser um personagem (um alter ego) e focar em alguém na platéia em que me passasse segurança (preferência, algum colega próximo pq se não ia ficar muito estranho fitar um desconhecido). Assim eu fiz. Passei os olhos pela platéia e o único olhar em que me passou total segurança era o que era lançado por um par de olhos castanhos esverdeados. Quando o encarei, recebi um sorriso lindo e encorajador. Inspirei e incorporei uma Eduarda diferente e assim iniciei minha apresentação.
A última garota, do curso de biotecnologia era ninguém mais ninguém menos que a Beth. Ou melhor Elizabeth. Juro que pelo nome, eu imaginava uma mulher com seus 40 anos, mesmo sabendo que ela era a quase-namorada do Rafael. O que vi na minha frente foi totalmente o oposto. Vi uma garota que aparentava ter 22 anos, alta, magra, de cabelos ruivos compridos, olhos azuis e vestida por um vestido vermelho comprido exuberante. Parecia uma personagem da série nórdica Vikings junto com uma apresentadora do Oscar.
Senti uma pontada de inveja e ciúmes. Se eu tinha dúvidas do interesse de Rafael por mim, tudo que imaginava foi por água abaixo. Não passava de fruto da minha imaginação.
Elizabeth tinha a postura de uma princesa. Era bonita, inteligente. Entendido o pq Rafael se apaixonou. Só não entendi o pq não prosseguiu.
Passados os 10 minutos (tempo esse que nem vi passar), Elizabeth finalizou sua apresentação e o diretor proferiu algumas palavras para nós logo em seguida. Não me pergunte o que ele falou pq da forma q eu estava eu não lembraria nem o meu nome. Minha cabeça ainda estava no quase-casal Rafael e Elizabeth.
Quando o evento foi finalizado, recebi mil e uns elogios de veteranos, funcionários e demais colaboradores da universidade. Minha equipe ganhou 60h extra e também receberam muitos elogios pelo trabalho. O pessoal estava aproveitando bastante. Eu também, mas para escapulir à francesa. Dei um perdido em todo mundo, até em Geórgia. Necessitava de solidão. Escapei até o jardim da faculdade e me esgueirei entre os canteiros de flores. Eu ainda não sabia o nome delas, mas estava apaixonada por todas. Uma coisa era certa: assim que voltasse para Bahia, teria meu próprio jardim na varanda de meu quarto. Baixei meus dedos até as pétalas e as acariciei. Um gesto quase automático, mas que me fez relaxar um pouco. E colocar a cabeça no lugar. Fazia frio do lado de fora do auditório. Senti meu corpo se arrepiar ao ser envolvido por uma brisa gelada. Estava na hora de entrar.
- Por que está sozinha aqui?
A brisa fez meu corpo tremer. Aquela voz injetou calor em minhas veias. Como eu poderia ignorar o dono dela? Mudei de posição para não olhar para ele. Não queria que ele lesse em meus olhos toda a minha agonia.
- Vim tomar um ar, respirar um pouco Estou cansada.
- Está frio e seu vestido é bem... pelado -Ele notou - Vista meu casaco.
- Não! - quase gritei - Quero dizer, não precisa. Já vou entrar.
Rafael fingiu que não me ouviu. Tirou o paletó do corpo e me envolveu com ele, sem minha permissão. Não sei o que mexeu mais comigo: 1, seu gesto, 2, o cheiro dele no casaco, ou 3, o breve encontro de seus dedos com minha pele.
- você está bem? - ele quis saber, procurando meus olhos.
- Só cansada, como já disse - suspirei, inalando ainda mais o aroma masculino que exalava de sua roupa. Rafael sorriu.
- Caso você não saiba, fiquei orgulhoso de ver você hoje. Não sei se aguentaria firme, como você fez. O cansaço agora é mais que natural. Principalmente psicológico.
Para tudo! Rafael estava me elogiando! Ele percebeu meu espanto e continuou: - É sério. Esteve demais, Duda.
- Obrigada. Vindo de você, esse elogio tem uma conotação muito maior
- Como assim? - ele franziu a testa - Vindo de mim?
- Ah, não se faça de bobo. Temos nossas diferenças, não é?
Ele ficou ainda mais sério
- Temos, é? Não sabia.
Pronto! Agora, aquela. Como se nunca tivéssemos discutido nem nada.
- Rafael, por favor... Lembra quando a gente se conheceu? Lembra da cena no ap, das palavras que me disse? Que nao ia com a minha cara? Dos insultos na frente dos meninos? Garanto que não estou inventando
- São águas passadas, Eduarda. Eu não conhecia você direito - justificou-se e fez aquilo de novo, quero dizer, o que sempre fazia quando ficava desconfortável: passou a mão freneticamente pelos cabelos, bagunçando-os um pouco - Mas agora tudo mudou
- Mudou, é? Que bom! - Tentei parecer tranquila, indiferente. Mas meu peito palpitava. Que espécie de conversa estávamos tendo? Seria minha imaginação ou havia um clima de flerte no ar?
- Claro! - ele garantiu - Temos saído juntos e eu pude ver que você é uma mulher autêntica. Gosto do seu jeito, da sua maneira natural, dos seus ataques de sinceridade. Você é divertida e me faz rir.
Corei. Aquilo não era uma declaração de amor nem nada, mas servia. Rafael gostava de mim! Então, não era um avanço? Andei um pouco entre as flores, afastando-me dele para tomar fôlego. Eu havia acabado de ver todo tipo de qualidade da quase-namorada dele e um dos porquês todos gostavam dela. Me lembrei da forma com que o Gustavo me falou dela quando fomos almoçar juntos. Estava com minha autoconfiança abalada. A pseudo personagem já havia ido embora e eu Não tinha nada que ficar praticamente flertando com Rafael pelo jardim. Se eu fosse mais esperta daria no pé o quanto antes. Mas quem disse que eu era? Quis ficar para ver aonde tudo ia dar.
Meus pés latejavam dentro do sapato novo de salto dez. Precisei me sentar um pouco para dar conforto a eles. Ainda bem que o jardim era contornado por bancos. Senti uma corrente de vento frio, o que me fez aconchegar ainda mais no Casaco dele.
- obrigada pelas palavras, de coração. - sorri - olha Rafael, desde quando cheguei aqui, nao esta sendo facil - desabafei - adaptação, as pessoas, os desafios...
Rafael sentou-se ao meu lado, segurou minha mão e ficou massageando o dorso com o polegar. Minúsculos cristais de gelo acertaram minhas entranhas, fazendo-me ter um calafrio, uma onda súbita de prazer.
-Eu sei -ele disse, bem baixinho.
Apesar de parecer segura, minha voz saía meio entrecortada devido ao frenesi que os dedos de Rafael estavam provocando em meu corpo.
- muito difícil deixar tudo pra trás. Tudo mesmo! Minha familia, meus amigos o idiota do... - pausei
Olha só quem eu estava prestes a mencionar! Eu e minha língua solta. Rafael deduziu logo, pois arqueou uma sobrancelha, daquele jeito sexy que me matava, e sorriu meio de lado, elevando a covinha no canto da boca.
- Sei, o idiota do Tiago. De quase-namorado a idiota. Gostei da mudança de posto.
Fiquei muda. Eu que não ia falar sobre o Tiago justamente com Rafael. Preferiria ter chiclete colado em meu cabelo.
- Vai ficar calada?
- Totalmente. Sobre esse assunto eu me recuso a falar. - Fingi passar um zíper na boca.
Rafael subiu as carícias da mão para o pulso. Aquilo era tortura. Imagina se alguém resolvesse aparecer por ali. Entenderia tudo errado. Bom, eu mesma não estava entendendo muita coisa...
- mas Deus é tão generoso comigo que colocou pessoas maravilhosas no meu caminho. O Gustavo... Maravilhoso. A Geórgia nem se fala! Olha o que ela fez ccomigo - Levantei e contornei meu corpo com as mãos. Caso não tenha entendido, estava me referindo a meu visual elegante e fashion.
-Atesto para os devidos fins que as intervenções da Geórgia são de muita valia - brincou.
Os olhos dele adquiriram um brilho felino ao visualizarem minha aparência. Senti meu rosto arder. Eu estava me arriscando demais ficando sozinha com Rafael por tanto tempo naquele jardim.
- Você não contou o que pensa de mim -ele protestou, batendo com a palma da mão no banco, exigindo que eu voltasse a me sentar a seu lado - Babou no Gustavo, elogiou o povo todo da faculdade. Não sobrou nada para mim? - quanto drama.
Eu poderia dar várias respostas. Ou nenhuma. Mas eu precisaria buscar a verdade lá no fundo de minha alma e estar de peito aberto para aceitar a realidade. Quem procura demais acaba encontrando e eu tinha receio de não gostar do que veria.
-Eu ainda não tenho uma definição específica a seu respeito - Resposta mais em cima do muro impossível. Rafael se sobressaltou.
- Sério? Nossa, estou me sentindo rejeitado.
Bem feito. Quem mandou ser tão volúvel? Ou bipolar, na pior das hipóteses.
- Sério, Rafael. Embora a gente esteja tendo uns momentos legais, como agora, por exemplo, ou quando a gente sai por aí e você me apresenta lugares lindos, há momentos em que você se retrai, fica de poucas palavras, vago, até rude. Ainda não consegui te desvendar direito.
- isso quer dizer que você está tentando? - arriscou ele - Tentando me desvendar? -Ah, não fique convencido! - Voltei a ficar de pé - E está na minha hora. Nosso bate-papo foi ótimo, mas tenho que ir.
Não consegui ir muito longe. Rafael prendeu meu braço com seus dedos fortes e me fez ficar paradinha perto dele. Depois, esticou-se até ficar de pé, a dez centímetros de mim.
Eu sou alta. Para a maioria das mulheres no Brasil, ter 1,70 metro é um privilégio. Por sorte, Rafael deve ter uns bons 10 centímetros a mais, senão estaríamos cara a cara, com as bocas tão próximas que seria impossível não tentar beijá-lo.
- É impressão minha ou você está tentando fugir de mim, Eduarda?- questionou Rafael, malicioso como ele só.
- é impressão minha ou você está tentando me confundir, Rafael?- devolvi a pergunta, mas não esperei a resposta.
Soltei meu braço, retirei o paletó de meus ombros (mesmo sofrendo muito para tomar essa decisão, pois ele já estava se tornando parte de meu corpo) e tratei de fugir dali. Rafael era uma ameaça à minha saúde mental. (........................) No outro dia, tive aula durante a manhã inteira. Cheguei em casa morta de cansaço. Tomei banho, estudei um pouco de álgebra e funções, acabei dormindo por cima dos livros.
Acordei 20h com barulhos vindo da sala. Estavam batendo parabéns pra alguém que não consegui escutar muito bem o nome. Tinha vozes de mulheres também.
Levantei, arrumei os livros, tomei banho e comi um biscoito que tinha na minha mochila mas ele não matou minha fome, até pq, não tinha almoçado, mas o que eu menos queria era ter que abrir a porta e falar com o clube do Rafinha e com.o próprio Rafael. Tenho evitado ele desde ontem a noite.
Liguei para minha mãe, Daniel, e outras pessoas que estava morrendo de saudades. Parei de falar no celular quando ouvi que estavam indo embora.
Assim que todo a saíram, dei um tempinho e saí. Rafael estava terminando de lavar a louça.
Abri a geladeira sem falar com ele, quando ele ouviu, se assustou.
Abri a geladeira sem falar com ele, quando ele ouviu, se assustou.
- boa noite pra você também - falou depois do susto.
Ergui as sobrancelhas
Ergui as sobrancelhas
- olha só, ele fala as palavras mágicas... - tirei uma garrafa de água da geladeira e caminhei até a pia para pegar um copo no escorredor. Ele apenas bufou
- tá, Eduarda - cacete, para de falar meu nome! Não com esse sotaque e nem com essa voz seduzente. - guardei um pedaço de bolo pra você, ta numa vasilha dentro do microondas - me engasguei com a água e comecei a tossir - você ta bem? - me olhou
- você fez o que? - falei em meio a tosse. Ele revirou os olhos - nossa, chega me engasguei - recuperei a fala
- se não quiser, não come
- para o mundo que eu quero descer. Por isso que o tempo ta feio assim - falei guardando a garrafa de água na geladeira e indo até o microondas.
Quando abri, tinha um pedaço generoso de torta de chocolate.
- não tá envenenado não né? - falei e ele riu com o nariz
- cara, você deve mesmo me achar um monstro, né? - falou se virando para mim. Caminhei ate o escorredor novamente para pegar uma colher.
- tipo isso - sorri igual o Jim Carrey sem mostrar os dentes. O semblante do Rafael mudou na mesma hora. Era um semblante diferente. Ele não fechou a cara, nem fez cara de tédio e sim de triste. Percebi que tinha pegado pesado dessa vez. Tudo bem, pra qualquer outra pessoa aquilo poderia soar como brincadeira, o que era pra ser, até pra ele mesmo, mas não naquele dia. Ele pareceu sensível demais, tanto que nem me respondeu nada. Virou, terminou de lavar o último copo da pia, enxugou as maos e foi pro quarto.
Eu fiquei mais do que arrependida e comi o bolo todo pra afogar minhas mágoas. Lavei a vasilha e fui pro quarto.
Quando entre no WhatsApp, vejo uma mensagem do Gustavo.
"Ei, estivemos aí pra comemorar o niver do Rafael e tu tava dormindo!! Que p*rra de sono é esse, mano. Batemos na porta e voce nada de ouvir"
P*ta merda!
Chamei o cara de monstro no dia do aniversário dele! Vacilo em Eduarda. O que ta acontecendo contigo, garota?!
E agora? O que eu faço? Mandeu um audio pro Daniel pedindo um help!
Não demorou muito ele me respondeu.
"Vai pedir desculpas e mostre que se importa! Você não é assim, Duda. Pelo amor, controle sua língua.
To na aula, depois nos falamos, beijoo!"
Ele ta certo. Não sou assim.
Criei coragem e fui falar com ele. A porta do quarto estava fechada. Quando eu ia bater, ele abriu com o mesmo semblante.
- alguma coisa? - perguntou
- s-sim, é... - pausei - desculpa pelo que falei...
- ah, tranquilo - falou calmamente saindo do quarto e indo até a sala. Caramba, será que doeu tanto a ponto dele não ter animo nem pra me xingar? Ou me destratar? Eu apenas o observava. Estava muito estranho. Ele me olhou, ja que ainda estava parada na porta do seu quarto - mais alguma coisa?
- Rafael, é sério. Não sabia que ia se magoar...
- magoar? Quem ta magoado aqui? - olhou para os lados - só se for você, pq eu To de boa. - deu de ombros
- até acreditaria se seus olhos não dissessem o oposto.. - ele riu
- deu pra ser vidente agora? Me erra, vai - entrou no quarto passando por mim e exalando seu perfume maravilhoso
- Rafael...
- Eduarda, na boa. Vê se eu to na esquina - segurou a maçaneta da porta - da licença? - suspirei e fui pro meu quarto - obrigada, madame - falou e trancou a porta do seu quarto. Fiz o mesmo.
Como pode ser tao arrogante? Fui na humilda falar com ele e é um "vai ver se to na esquina" que recebo.
Ai que vontade de mandar ele tomar naquele lugarzinho!
Calma Eduarda, respira. Da um desconto, hoje é o aniversário dele, talvez seja mais um longe da família, vamos ser compreensiva...
OK, mas precisava ele me tratar daquela forma? Pqp
Se bem que isso ja é normal, ja deveria estar acostumada.
Mas não, eu não estou! Quem ele pensa que é pra falar comigo dessa forma?
Tá, Eduarda, chega. Vai dormir, amanhã ainda é sexta! Ainda tem aula. E foi isso que tentei fazer, dormir.
Mas não consegui.
O tempo estava muito feio, trovejando e relampejando. Morro de medo. Lembro que quando era inverno eu não dormia sozinha na minha casa por conta do barulho das trovoadas. Me lembrava de quando era pequena e morava em uma casa bem simples de telha, teve uma madrugada que ventou e choveu tanto que uma parte da telha soltou e caiu na casa do vizinho, fazendo um barulhao. Eu pensava que era o fim do mundo e chorava desesperadamente enquanto ajudava minha mae e minhã irmã a tirar os móveis do lugar em que estava sendo molhado Por conta da lacuna que se formou.
Liguei a luz do quarto com dificuldade pois minhas maos ja estavam tremendo a cada trovoada e clarão. A desvantagem de morar no último andar do prédio.
As paredes balançavam muito e parecia que tudo ia desabar. O basculante do banheiro não queria fechar, o que fez parte da chuva entrar e ficar me molhando a parte de dentro também. Comecei a entrar em desespero. Peguei um guarda-chuva e abri no banheiro fazendo com que a agua que entrava pelo basculante caísse nele e em seguida no chão. Eu ja tava encharcada. Não conseguia alcançar de jeito nenhum o basculante e a corrente que tinha pra puxar havia emperrado. Sentei no chao e comecei a chorar. Pensei em bater no quarto do Rafael, mas o que eu ia falar pro cara que chamei de monstro e estava p da vida comigo? "Oi, tudo bem, vamos ficar batendo um Papinho na sala até a tempestade passar? Vem cá, me conta o pq de você ter escolhido engenharia civil? Me diz pq voce é tao chato e sexy ao mesmo tempo?"
Não, não posso fazer isso. Memorias da infância começam a surgir com mais intensidade bem como o meu choro. Ouvi batidas na porta e o Rafael me chamando. Respondi de forma inaudível torcendo para que ele tenha escutado os meus pensamentos. Não tive forças pra falar, piorou pra levantar. Minhas pernas estavam bambas.
Ele me chamou novamente e eu soltei um "entra" tao forte que ele entrou com tudo. Eu ainda estava no chão abraçando minhas pernas, molhada, tremendo e chorando.
- o que aconteceu? - correu ao meu encontro me levantando do chão. Eu não conseguia falar nada, apenas chorar - Eduarda, calma, ta tudo bem - falou calmo e fez o que nunca imaginei que ele ia fazer na minha vida: me abraçou. Nem ligou pelo fato de estar molhada e ele com uma regata. Outra trovoada e Eu o apertei com toda força do universo. - você tem medo de tempestade?! Nossa. - disse enquanto descia e subia sua mao pelas minhas costas. Ele olhou pro banheiro e viu o armengue que eu havia feito com o guarda-chuva. - vou fechar o basculante - falou se afastando
- não - falei. Saiu mais como um sussurro de súplica. Balançava a cabeça negativamente e impedia que ele se afastasse 1 milímetro de mim
- eu não vou sair daqui, calma - disse docemente acarinhando meus cabelos
- não, por favor... - falei suplicando
- vem comigo então - segurou a minha mao e me levou até o banheiro. Em menos de 3 segundos ele fechou o basculante enquanto eu segurava sua camisa. Era como se eu estivesse o prendendo a mim por uma algema. - pronto. Agora se enxuga - pegou minha toalha empendurada no banheiro e me secou superficialmente. Outro estrondo e eu apertei sua mão. - calma, Duda. Se você não se secar pode pegar um resfriado..
Ele foi até o meu guarda-roupa, pegou uma roupa fina para mim e me entregou no banheiro
- toma, põe essa. Eu vou estar aqui fora te esperando - falou me entregando a roupa
- promete que não vai sair? - falei com meus olhos implorando por uma resposta positiva. Ele sorriu e respondeu
- prometo.
Encostei a porta mas não tranquei. Tirei a camisa e mais outro estrondo. Segurei na maçaneta e Rafael gritou: eu to aqui!
Ouvir aquela voz trouxe um pouco de conforto para mim. Vesti a blusa e o short do baby dool com um pouco de dificuldade pois tremia que nem vara verde. Assim que acabei, abri a porta e o Rafael estava em pé de frente ao meu armário olhando umas fotos que estavam coladas na parte interna da porta. Quando me viu, sorriu e segurou minha mão.
- pronto, agora deita aqui. - me guiou até a cama. A cada estrondo eu apertava sua mao fortemente. Estava segurando ela com as minhas duas. Deitei na cama, no canto da parede E ele soltou da minha mao para poder me cobrir com o cobertor.
- fica... ?- pausei - por favor
Ele apenas me olhava como se eu fosse a coisa mais frágil do mundo. Sorrindo respondeu:
- fico.
E deitou ao meu lado se cobrindo com o mesmo cobertor. Se no dia anterior alguém descrevesse essa cena, eu ia mandar enternar num hospício. Desliguei a luz, pois onde eu estava era mais próximo ao interruptor.
Apoiei minha cabeça no seu braço direito e a minha mao direita no seu peito. Com sua mão esquerda, ele fazia carinho no meu braço e intensificava a cada vez que trovejava e ele sentia meu corpo enrijecer.
- eu to aqui - sussurrava.
Era o que me confortava.
(...)
Rafael on
Não sei pq ainda me importo com o que essa garota fala. Na boa. Depois dela vir toda arrependida pedir desculpas Fechei a porta do quarto e comecei a estudar para ocupar minha mente. Funciono melhor de madrugada.
Passei um tempo estudando até que ouço uma trovoada cavernosa. Parecia que tinha algum prédio sendo desabado, até eu me assustei. Guardei as coisas e fui ao banheiro. Cheguei la e estava entrando agua pelo basculante. O bom é que ele fica na parte do box, então não tem tanta importancia se molhar. Mas aí lembrei do basculante do quarto da Eduarda. Com certeza ela não vai alcançar e nem acertar fechar com a correntinha que usa para abrir. Quando saí do banheiro, vi que a luz do quarto dela ainda tava acesa. Resolvi Bater na porta do quarto dela. Bati e chamei a primeira vez mas não obtive resposta. Deve estar dormido. Essa menina só dorme, eu hein.
Ia voltar pro quarto quando senti de chamar mais uma vez. Quando bati, ela falou "entra" tao desesperadamente que pensei logo o pior e por impulso, entrei de uma so vez.
Quando olho pra ela, chega a dar dó. Sentada no chão, se abraçando como quisesse se proteger de algo, toda molhada, parecendo uma criança indefesa.
Pergunto o que aconteceu mas ela só chora e treme. Levantei ela e fui esmagado em um abraço. Queria saber o que foi que tinha acontecido. Será que peguei pesado demais mais cedo?
Um estrondo de trovoada e sinto seus ossos tremerem... A tempestade!
Ela deve ter algum trauma forte, pq nunca vi ninguém naquela situação por conta de trovões, raios e relâmpagos.
Com dificuldade, me soltei dela para ir fechar o basculante. Eduarda me seguia e segurava a minha camiseta como se eu fosse a coisa mais importante do mundo. Gostei dessa sensação.
Peguei uma roupa para ela e aguardei ela se trocar. Reparei em umas fotos do seu guarda-roupa. Uma parecia que era em uma instituição de ensino pois estavam de farda, tinha varias pessoas aparentando ter a mesma faixa etária que ela e um cara com cara de professor. Ouve mais outro estrondo que tremeu as paredes do quarto. Ouvi o barulho da maçaneta e falei pra ela que ainda estava no quarto. Voltei a olhar as fotos. Tinha uma dela com o que parecia ser a familia dela na praia, outra dela com um homem.. Seria o namorado dela?
E dela com uma garota. Olhei pra porta do banheiro e Lá estava ela com aquele babydool super sexy. Me controlei para não lhe agarrar naquela hora.
Chamei ela para deitar e ela me pediu pra dormir com ela... Eu to sonhando ou o q? Como pode isso? A garota que eu impliquei desde a primeira vez que vi, que me tratava super mal, que me chamou de monstro quando tentei ser legal, estava fazendo de mim o seu porto seguro. Explica isso Darwin, Newton, Einstein..
Não tive forças físicas nem psicológicas para recusar. O que eu mais queria era protegê-la do que quer que seja que esteja atormentando ela. Deitei e ela se acomodou em mim num encaixe perfeito. Fiquei fazendo carinho nela enquanto ela tentava relaxar. Nunca imaginei que uma pessoa de personalidade tao forte quanto a dela, tao intimidadora, aquela que bate de frente pudesse também se revelar uma pessoa tao frágil quanto qualquer outra. Não a EDUARDA.
Quando olho pra ela, chega a dar dó. Sentada no chão, se abraçando como quisesse se proteger de algo, toda molhada, parecendo uma criança indefesa.
Pergunto o que aconteceu mas ela só chora e treme. Levantei ela e fui esmagado em um abraço. Queria saber o que foi que tinha acontecido. Será que peguei pesado demais mais cedo?
Um estrondo de trovoada e sinto seus ossos tremerem... A tempestade!
Ela deve ter algum trauma forte, pq nunca vi ninguém naquela situação por conta de trovões, raios e relâmpagos.
Com dificuldade, me soltei dela para ir fechar o basculante. Eduarda me seguia e segurava a minha camiseta como se eu fosse a coisa mais importante do mundo. Gostei dessa sensação.
Peguei uma roupa para ela e aguardei ela se trocar. Reparei em umas fotos do seu guarda-roupa. Uma parecia que era em uma instituição de ensino pois estavam de farda, tinha varias pessoas aparentando ter a mesma faixa etária que ela e um cara com cara de professor. Ouve mais outro estrondo que tremeu as paredes do quarto. Ouvi o barulho da maçaneta e falei pra ela que ainda estava no quarto. Voltei a olhar as fotos. Tinha uma dela com o que parecia ser a familia dela na praia, outra dela com um homem.. Seria o namorado dela?
E dela com uma garota. Olhei pra porta do banheiro e Lá estava ela com aquele babydool super sexy. Me controlei para não lhe agarrar naquela hora.
Chamei ela para deitar e ela me pediu pra dormir com ela... Eu to sonhando ou o q? Como pode isso? A garota que eu impliquei desde a primeira vez que vi, que me tratava super mal, que me chamou de monstro quando tentei ser legal, estava fazendo de mim o seu porto seguro. Explica isso Darwin, Newton, Einstein..
Não tive forças físicas nem psicológicas para recusar. O que eu mais queria era protegê-la do que quer que seja que esteja atormentando ela. Deitei e ela se acomodou em mim num encaixe perfeito. Fiquei fazendo carinho nela enquanto ela tentava relaxar. Nunca imaginei que uma pessoa de personalidade tao forte quanto a dela, tao intimidadora, aquela que bate de frente pudesse também se revelar uma pessoa tao frágil quanto qualquer outra. Não a EDUARDA.
Mais um estrondo, mais um corpo tenso.
Acarinhei seu braço e cabelo e sussurrei : estou aqui.
Senti seu corpo relaxar imediatamente.
Acarinhei seu braço e cabelo e sussurrei : estou aqui.
Senti seu corpo relaxar imediatamente.
Ah, Eduarda!


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